Os dados foram apresentados nesta quinta-feira pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). Foi a primeira queda registrada pela associação desde junho de 2006. Claro que, se elevarmos a abrangência da pesquisa para os 10 meses do ano (no acumulado de janeiro a outubro deste ano), foram comercializadas 2,45 milhões de unidades, o que significa um crescimento de 23,4% ante igual intervalo de 2007.
Fica claro que o ano representa momento de muitas vendas, mas também que a concessão do crédito ficou mais rigorosa e os prazos propostos para o financiamento diminuíram. Tirando o aspecto econômico, que passa pelo desaquecimento da economia e retração do mercado, existem aspectos positivos que podem ser observados nesse cenário. Vamos pensar na independência financeira
Menos financiamento = menos endividamento
Um fato pode ser facilmente constatado ao andar pelas ruas do país – e podemos falar isso sem medo de errar: a situação financeira das pessoas, de uma maneira geral, melhorou. Infelizmente, essa melhora ainda não foi amplamente canalizada na formação de poupança
Outro movimento natural apareceu: a sensação de melhora motivou as pessoas a fazerem mais dívidas, inclusive comprando automóveis caros em financiamentos de muitas parcelas. Isso sem falar no consumismo de outros itens. A preocupação é evidente: toda a atitude consumista pode significar dívidas fora de controle.
Nos próximos meses, milhares de pessoas experimentarão a terrível sensação de escolher quitar as dívidas dos vários financiamentos ou pagar as despesas básicas de sua casa. Como não canso de falar, crédito fácil não quer dizer o mesmo de crédito barato. Se alguém tenta lhe vender isso, cuidado!
Os juros praticados no país beiram a falta de pudor, são altíssimos. É desumano levar pessoas ao consumo através de financiamentos exorbitantes, exagerados e imorais. Mas se as pessoas aceitam, quem sou eu para criticar? Pois é, aqui o objetivo é alertá-lo, educá-lo e despertá-lo para novos hábitos.
Onde fica a independência financeira?
Procuramos ser muito realistas na conversa diária com você, leitor do Dinheirama. Nunca pregamos que a independência financeira é um objetivo fácil de se atingir, mas é preciso começar, dar o primeiro passo, não é mesmo? Trata-se de um grande desafio, é verdade. Mas um desafio recompensador, capaz de mudar nossas vidas.
Quem descobrir cedo como utilizar alguns conceitos básicos de educação financeira
Quem não conhece alguém que está inadimplente com os pagamentos de condomínio, faculdade ou escola dos filhos, mas continuam exibindo o carro zero na garagem? Não seria mais sábio aplicar o dinheiro, desfrutando das mesmas altas taxas de juros, e criar um futuro mais próspero e tranqüilo?
A irresponsabilidade com o dinheiro custa caro. Muito caro. São muitas perguntas e nossa cultura voltada para o hoje, agora, levou as pessoas para esse caminho. Concordo, mas falta coragem de ir atrás do melhor, mudar a direção da vida rumo a novas práticas onde o melhor e mais precioso bem seja a boa informação e o conhecimento.
Instrua-se, busque oportunidades de crescer e prosperar. Orçar e construir os sonhos de forma gradual é o melhor caminho para o sucesso financeiro. Alguns trabalhos neste sentido são desenvolvidos de maneira séria e didática, mas ninguém fará o seu trabalho de cuidar do futuro e do seu dinheiro. Cabe lembrar que a responsabilidade não é do seu gerente ou do seu consultor. Aceite, ela é sua! Bom final de semana.
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Ricardo Pereira é consultor financeiro, trabalhou no Banco de Investimentos Credit Suisse First Boston e edita a seção de Economia do Dinheirama.
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