Claro, apesar do dinheiro não ser fácil de conseguir e precisar passar (quase sempre) por uma banca de analistas e técnicos competentes, muitos desses negócios “apoiados” não chegam ao mercado. Justamente porque os empreendedores passam a sobreviver apenas destes recursos arrecadados pelos projetos que conseguiram aprovar e alguns se acomodam. Então, em pouco tempo lá estão eles de novo apresentando projeto para novos aportes ou para uma nova fonte de recursos.
Para qualquer investimento deveria ser obrigação a geração de caixa mensal mais imediata (mesmo que pequena ou insuficiente). Vejo a geração de receitas como um dos requisitos principais para financiamentos de startups, já a partir do seu primeiro momento, protótipo ou versão.
O ideal e o propósito do empreendedorismo
Obviamente que as pontas negam esta afirmação. Se perguntar para os fundos, será difícil concordarem com o fato de estarem investindo apenas em planilhas; se perguntarmos para os empreendedores, eles vão dizer que “não”, que “estão focados em fazer o negócio acontecer”. Como investidor anjo, com a experiência de ter investido em vários projetos, posso afirmar que se não for bem amarrado o acordo, acontece exatamente isso que estou dizendo.
Pensando nisso é que minha proposta como investidor
- Brilho nos olhos;
- O empreendedor do negócio tem que ser o próprio desenvolvedor do projeto;
- Entro no máximo com 40% de participação;
- Ter condições de se sustentar independentemente do negócio;
- Payback máximo de 3 anos, mas a geração de caixa deve ser no curto e médio prazo;
- Números de pró-labore dentro da realidade de mercado;
- A projeção de faturamento deve ser pé no chão, considerando o worst case scenario (pior caso possível);
- As despesas devem ser bem elencadas e pensadas. O empreendedor deve tentar não deixar nada de fora para evitar surpresas;
- Dedicação integral do empreendedor e foco;
- Não dou “balão de oxigênio” imediato para garantia de um resultado prometido;
- Se o negócio ainda está no papel, precisa da mesma forma ser bem dimensionado em relação ao tempo de desenvolvimento e geração de caixa.
Fico muito triste quando percebo uma empresa Startup que não tem nenhum cliente e nada pronto, mas tem várias assinaturas de fundos ou instituições. Seus projetos (na realidade) dificilmente sairão ao mercado ou do papel, simplesmente porque o projeto é lindo do ponto de vista do plano de negócios e das planilhas, mas inviável na prática.
E isso acontece por vários motivos, seja porque é apenas um lindo sonho de ser a “pólvora” ou ter o sucesso do “FaceBook”, seja porque perdeu o “timing”, seja porque o empreendedor não terminou de desenvolver o produto, seja porque se acomodou com o recursos de origem mensal garantida (confundindo com salário) ou simplesmente porque o mercado mudou e a idéia precisa ser ajustada ou renovada, mas de preferência, claro e sempre, com um novo aporte financeiro.
Comparar alguns empreendedores a funcionários públicos (nada contra eles) que tem garantia de “salário” pode ser até exagero da minha parte, mas o que estou vendo no mundo das Startups é muita gente encostada, aguardando uma oportunidade de conseguir o “Recurso dos Deuses“ (cash, grana, dinheiro, investimento). Será que estamos transformando nossos empreendedores em “funcionários públicos”?
Meu avô, no passado distante, dizia: “Ganha dinheiro quem trabalha sentado”. Hoje a realidade é outra. Ganha dinheiro
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