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Avós pagando contas de netos? E a responsabilidade dos pais?

por Conrado Navarro
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Avós pagando contas de netos? E a responsabilidade dos pais?

Maísa comenta: “Navarro, há algum tempo um assunto tem me incomodado. Tenho uma irmã que é casada e tem um filho de 5 anos. Ela e seu marido não tem educação financeira e terminam por sobrecarregar meus pais por não conseguir suprir suas necessidades. Já discutimos sobre isso algumas vezes e meus pais a protegem. A desculpa é sempre a mesma: o neto, que é uma criança, precisa ser cuidado. Por mim, a minha irmã e seu marido tem que se virar e deixar meus pais tranquilos para curtirem a velhice. Exagero? O que acha? Obrigada“.

Filhos, pais, avós, dinheiro, educação financeira, assuntos que se relacionam de forma sempre tensa e muito particular. Tema difícil, mas como gosto das finanças comportamentais, aqui vamos nós refletir sobre alguns pontos.

Avós ou pais?

É fato que as relações familiares estão ficando mais confusas. Por um lado, há muitos jovens que estão gerando filhos sem ter condições emocionais e materiais para criá-los. Por outro, os pais desses filhos se sentem na “obrigação” de ajudá-los, muitas vezes motivados pela compaixão do neto recém-chegado, que nada tem que ver com todo esse problema.

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Ocorre que nem sempre estes são os reais motivos. Já tive contato com avós que me disseram gostar de sustentar seus filhos e netos para se sentirem ativos, em uma espécie de “fuga” da velhice, uma maneira de manter a responsabilidade e ter ainda “pelo que lutar e o que fazer”.

Não quero discutir se isso faz ou não faz sentido, nem se é bom ou ruim para a mente deles. A reflexão que pretendo gerar é diferente: comportamentos assim por parte dos avós tendem a perpetuar a dependência dos filhos, já adultos, distorcendo o papel de cada um nas responsabilidades pela geração de renda para manutenção da vida.

O neto, que vai crescer vendo tudo isso e essa forma de administrar a família e o lar, terá uma visão também distorcida, e muito provavelmente seguirá com este ciclo, que trará prejuízos financeiros (e emocionais) para si, seus pais e avós.

Leitura recomendada: Geração Canguru: uma discussão sobre pais e independência

Os motivos (e as consequências) quase nunca são bons

Num primeiro momento, é bonito ver um pai ajudando financeiramente o filho, mas é preciso interpretar bem o cenário e cada caso.

Uma coisa são pais que possuem um ótimo patrimônio e separam uma parte deste montante, que não afeta seu padrão de vida, para presentear os filhos (ainda que adultos) com a intenção de ajuda-los a acelerar sua construção de riqueza.

Por outro lado, para que isso seja algo saudável, é importante que os filhos tenham consciência de que isso é um presente, uma ajuda voluntária, que precisa ser utilizada de forma responsável; mais do que isso, trata-se de capital que deve ser multiplicado, e não eliminado com consumos que visam atender desejos e vaidades de curto prazo.

Há ainda aqueles pais que sequer analisam o comportamento dos filhos ao receberem seus auxílios financeiros, pois, consciente ou inconscientemente, o que desejam mesmo é ter um tipo de controle sobre os filhos (e em alguns casos, sobre genros e noras), e utilizam o dinheiro para conseguir isso.

Independente dos motivos, é comum vermos os filhos “presenteados” sentirem-se com baixa autoestima, tendo diminuídas a sua dignidade e sua capacidade de gerenciar a própria vida.

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Faça um favor para seus filhos: deixe-os voar!

Se há algo relevante para o crescimento dos filhos, é que eles experimentem as dificuldades deste mundo. Conheço poucas pessoas que tiveram suas vidas financeiras facilitadas pelos pais e que conseguiram avançar com equilíbrio financeiro e emocional, prosperando e enriquecendo.

Portanto, você que é pai ou mãe e que conhece muito bem os seus filhos, pense com carinho na maneira como tem lidado com estas questões. Primeiro, prepare-os para serem geradores de riqueza; depois, se desejar e puder, ajude-o com dinheiro. Nesta ordem, todos serão beneficiados.

Faça um favor para seus pais: não os sobrecarregue!

Você que é filho adulto, que tem condições de gerar sua própria renda, mas continua dependendo de seus pais e recorrendo a eles quando precisa de auxílio financeiro, pense bem em tudo o que eles já fizeram por você.

Foram anos de dedicação e trabalho duro para garantir o seu sustento. Na medida em que seus pais avançam em idade, procure inverter isso, deixando de ser um peso financeiro para eles, que merecem ter uma velhice mais tranquila e sentirem-se aliviados por terem cumprido bem o seu papel.

Isso irá ajudar você a ser uma pessoa mais responsável, e se somar a isso à disciplina e aos conhecimentos necessários para a administração do próprio dinheiro, você terá uma vida próspera. Além disso, poderá inverter o cenário completamente, a ponto de ajudar seus pais financeiramente, em um ato de gratidão, sem afetar o seu padrão de vida.

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Conclusão

Ao mesmo tempo em que recebo mensagens indignadas com certos comportamentos de pais, filhos, irmãos e irmãs, também recebo críticas por abordar de forma tão rápida e singela um assunto tão complexo. Entendo e respeito ambos os grupos, mas é preciso iniciar uma discussão coerente e inteligente, e este é o meu objetivo.

Cada caso precisa ser analisado em detalhes e com cuidado, através de diálogos francos entre pais e filhos. Havendo algum problema, o melhor caminho é resolver as divergências o quanto antes, pois uma hora a conta vai chegar, e ela não costuma chegar sem maiores danos, principalmente nas relações pessoais e emocionais.

O dinheiro é um ótimo instrumento para melhorar a qualidade de vida, mas, no fim, o mais importante são as pessoas. Nunca se esqueça disso. Abraços e até a próxima!

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