Bitcoins e Criptomoedas: Executivo da Ripio fala de riscos e oportunidades

Bitcoins e Criptomoedas: Executivo da Ripio fala de riscos e oportunidades

Se você não sabe mais o que pensar a respeito de criptomoedas, conversamos com quem entende do assunto para explicar o que é preciso considerar no momento. Fernando Bresslau é Head of Finance and Operations da Ripio, companhia Bitcoin de maior projeção na América Latina. Engenheiro naval, ele conta que o seu objetivo ao estudar Engenharia era resolver problemas, quaisquer que fossem. “Isso fiz em diversas áreas e países: equipamentos médicos no Brasil, navios na China, gaitas na Alemanha, startups novamente no Brasil e, mais recentemente, com criptomoedas”. Acompanhando o assunto desde 2011,  foi em 2014 apenas que teve um primeiro contato com Sebastian Serrano, CEO da Ripio, que já estava pensando em abrir a empresa no Brasil. Três anos depois, ele acabou se tornando Country Manager da operação brasileira. Hoje cursa um mestrado especializado em criptomoedas e conta um pouco mais sobre a Ripio e o mercado de Bitcoins e criptomoedas.

Desde quando a Ripio está no mercado e de onde surgiu a ideia para sua criação?

Fernando Bresslau: A Ripio é pioneira na América Latina desde 2013, tendo iniciado a sua trajetória na Argentina. Sebastian (CEO da Ripio) vivia no Vale do Silício e viu que Bitcoin poderia ser uma solução para que pequenos empresários recebessem pagamentos internacionais e sofressem menos com a disparidade cambial, que reinava na Argentina. Criou a Bitpagos, um gateway de pagamentos que aceitava cartões de crédito internacionais e convertia em bitcoins, que podiam ser vendidos a um câmbio favorável. Depois veio a Ripio, que ajudava esses comerciantes a gerenciar seus bitcoins e transformá-los em pesos. E só então vieram produtos de crédito para o mesmo público, como a RCN, tecnologia de crédito P2P sem fronteiras com a segurança do blockchain. Hoje em dia, a Bitpagos não existe mais, o foco é na carteira Ripio e na Ripio Credit Network (RCN).

Como funciona a carteira digital e quem atende?

F.B.: Atualmente, a carteira atende qualquer pessoa física no Brasil. Na Argentina, atendemos também pequenas empresas. Pensamos que a tecnologia das criptomoedas pode ser utilizada para oferecer serviços financeiros mais acessíveis, práticos e baratos. Queremos que seja simples utilizar, comprar e vender critpomoedas, mesmo para quem não é trader ou não investe no mercado financeiro. Para os traders lançaremos a Ripio Exchange em breve.

Como avalia o mercado de bitcoins atualmente? Acredita que é um investimento para que tipo de perfil?

F.B.: O potencial revolucionário do Bitcoin, apesar da queda no preço, permanece. Um tanto da euforia de 2017, que tinha características de bolha, já se esvaiu. Não obstante, investir em criptomoedas é uma atividade de alto potencial e, consequentemente, alto risco. Se há uma certeza é de que veremos volatilidade alta por um bom tempo. E essa volatilidade faz com que seja um investimento mais arriscado do que ações ou startups e deve ser tratado como tal. Sugiro sempre investir um pouco, de acordo com a sua capacidade financeira e o seu conhecimento sobre o assunto. Aumentando o conhecimento, aumenta o conforto com as criptomoedas e a exposição ao ativo pode ser aumentada. Em todo caso, eu tenho uma visão de longo prazo para esses investimentos, não imediatista.

Há um outro perfil completamente diferente de investidor, porém, aquele que gosta de arriscar na volatilidade, analisa gráficos, gosta da emoção de “apostar” em um ativo em períodos curtos de tempo e tenta ganhar dinheiro tanto na alta, quanto na baixa. Para esse investidor mais técnico, criptomoedas também são interessantes, pois são bem acessíveis e o trader pode começar com valores pequenos.

Onde os bitcoins comprados são armazenados e como vocês garantem a segurança?

F.B.: Cuidamos dos bitcoins de nossos clientes com muito cuidado, naturalmente. Antes de mais nada, mantemos a maior parte das criptomoedas sob nossa custódia em carteiras offline, que não podem ser acessadas remotamente por hackers, por exemplo. Além disso, temos processos internos de verificação e autorização de transações. Para valores maiores, pessoas em mais de um continente precisam atuar em conjunto para aprovar uma transação, num processo de multi-assinatura. Tradicionalmente, toda a infraestrutura de TI recebe uma atenção muito maior do que outras startups de internet, que lidam com questões menos sensíveis.

Quais as dicas de segurança que você poderia dar para quem está pensando em investir em bitcoins?

F.B.: As mais importantes têm a ver com segurança digital básica:

1) Não reutilize senhas em sites ou sistemas diferentes;

2) Utilize senhas complexas. Você não conseguirá se lembrar de todas. Para isso temos a dica 3;

3) Utilize um gerenciador de senhas de renome. Não podemos confiar em senhas que podem ser memorizadas facilmente. E não podemos confiar em nossa memória. Então usar a ajuda de aplicativos para isso é importante;

4) Seja discreto no seu uso de criptomoedas. Não alardeie nas mídias sociais. Não chame atenção indesejada.

Sobre carteiras de criptomoedas, especificamente:

1) Pesquise a reputação da carteira antes de instalá-la;

2) Sempre faça um backup de sua carteira. São 12, 18 ou 24 palavras que devem ser anotadas em papel e guardadas em um ou mais lugares seguros. Não devem ser guardadas de maneira digital;

3) Cuidado para não baixar clones maliciosos de carteiras ou serviços confiáveis.

Poderia falar um pouco sobre os riscos de se investir em criptomoedas?

F.B.: O investimento em criptomoedas ainda é novo e, por isso, apresenta alguns obstáculos. A volatilidade continua alta. Por ser uma moeda digital, é importante se proteger de hackers, especialmente para valores maiores. E um risco que poucos levam em conta é o próprio usuário: se cometemos um erro no envio de transações ou ao guardar um backup ou perdemos um smartphone com nossa carteira, não há o “gerente do bitcoin” para desfazer uma transação.

Quais as suas expectativas para a economia brasileira neste ano e também para a Ripio dentro deste cenário? 

F.B.: O mercado brasileiro é o maior da América Latina e continua sendo focal para a Ripio. Embora não seja um mercado fácil (burocracias, concentração do mercado bancário, etc.), fizemos um forte investimento para ter uma operação robusta aqui no Brasil. Muitas exchanges sofreram muito com o ano difícil que foi 2018. Como a Ripio está muito bem capitalizada, pudemos trabalhar em muitas melhorias em nossos sistemas e estamos prontos para acelerar no Brasil. Devemos contratar um número bom de pessoas nas áreas de marketing e comunicação, atendimento ao consumidor, compliance e financeiro, inclusive executivos com larga experiência. E acompanhem a nossa agenda de eventos que queremos patrocinar e organizar em 2019!

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