Caso Petrobras: A Microeconomia explica a atuação de Dilma

Imagine que após correr 10km em um dia quente de verão, um atleta esteja desejando um copo de água. O primeiro copo, com certeza, trará uma grande satisfação, assim como o segundo e o terceiro. Entretanto, a partir do quarto e quinto copos, a pessoa já saciada não obtém o mesmo grau de satisfação.

O mesmo raciocínio pode ser aplicado à imagem ou credibilidade de alguém. Imagine que no seu bairro haja um adolescente que consome quantidades elevadas de álcool durante festas. Ao fim delas, o jovem costumar praticar atos inadequados, como sujar muros e jogar objetos nos telhados das casas. Após algum tempo, a imagem do adolescente perante os seus vizinhos se torna bem negativa.

Uma vez que a imagem negativa está sedimentada, a repetição dos atos pelo jovem problemático não adicionará nada à sua reputação: a opinião dos vizinhos continuará a mesma. O acréscimo marginal de um novo ato é quase irrelevante.

O mesmo raciocínio se aplica ao caso Petrobras. Os governantes temem pelas suas reputações em casos de escândalo de corrupção devido ao risco de perder as próximas eleições. Assim, a opinião dos eleitores em um primeiro momento tem importância. Porém, quando escândalos de corrupção se estendem por muito tempo é possível observar que os políticos envolvidos passam a dar menos importância. Veja por qual razão.

A Petrobras vem sendo maculada há meses pelas descobertas que agentes públicos e privados saquearam os seus cofres. A primeira notícia com certeza levou calafrios para o Palácio do Planalto, mas na medida em que uma enxurrada de notícias atinge a credibilidade da estatal e do governo, o desgaste marginal de uma nova denuncia se torna quase irrelevante. Parte da opinião pública já tem uma opinião consolidada sobre o assunto e, por conta disso, uma nova notícia não muda em nada a percepção do público.

Além do exposto, o governo já calculou as ranhuras em sua imagem mediante pesquisas de opinião pública e, no caso específico da Petrobras, a presidente Dilma, surpreendentemente, conta com a opinião positiva de 40% dos brasileiros. Nesse cenário, mais uma notícia sobre os escândalos tem um efeito marginal quase irrelevante.

Isso explica claramente por qual razão a presidente Dilma vem resistindo às pressões de mudança na presidência e diretoria da Petrobras. O efeito marginal de uma nova denuncia é quase irrelevante no sentido de mudar a percepção dos brasileiros quanto ao governo.

Dessa forma, a presidente da estatal, Graça Foster, deverá ficar no cargo até que uma nova descoberta mude a opinião de outros segmentos do eleitorado. Que descoberta seria capaz de mudar alguma coisa? Você arrisca algo ou também acredita que nada deve mudar?

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