Os analistas divergem um pouco sobre as decisões das duas instituições, mas o provável é que no Brasil a taxa aumente 0,5 pontos. Há quem diga que ela não vai se alterar. Nos EUA, como alguns economistas anteciparam, a taxa caiu 0,5 pontos. Estas mudanças são capazes de verdadeiras mudanças de humor nos mercados, mas seus resultados ainda são bastante discutidos.
Por que a disparidade na estratégia se a crise é uma só?
No Brasil, o BC, preocupado com a alta do dólar e os reflexos na inflação, sinaliza pelo caminho da continuidade no ajuste da taxa Selic. Em compensação, nos EUA a idéia de baixar os juros passa pela necessidade urgente de aquecer a economia e diminuir o impacto da recessão no cenário econômico real de seus cidadãos.
Essa expectativa já faz com que os investidores
Deixando de lado essa temática econômica, é importante analisar o impacto da crise na vida real das pessoas. Boa parte das matérias que vemos na mídia reforçam, em geral, a tese de que a crise financeira estará cada dia mais presente, seja nos nossos trabalhos (onde ronda o perigo das demissões), ou mesmo em casa (com o efeito da alta dos preços).
Confesso que acredito no potencial negativo da crise; ela estará cada dia mais íntima das pessoas. No entanto, aceitar esta constatação e não fazer nada é viver a crise de forma passiva demais. Não podemos deixar de aproveitar as possibilidade de ganhar dinheiro
1. Compre grandes empresas. Não poderia ser diferente: a primeira (e mais lógica) atitude para ganhar no longo prazo é comprar ações de empresas de primeira linha, que tiveram seus valores depreciados exageradamente. Afinal, dentro de um cenário de longo prazo, é natural que empresas estruturadas (planejamento, resultados financeiros sólidos e governança corporativa) passem por período de forte crescimento com o fim do período de instabilidade.
2. Invista em CDBs. Os Certificados de Depósitos Bancários se tornaram ótimas opções de investimento com a crise de crédito. Grandes bancos, com dificuldade de captação de dinheiro no mercado externo, oferecem ótimas condições (com rentabilidades acima do CDI em alguns casos). Pesquise e conheça que tipo de produto seu gerente pode lhe oferecer. O Dinheirama traz excelentes artigos neste sentido:
- CDB e Renda Fixa podem aliviar a crise?
- CDB: boa alternativa de investimento em 2008?
- O CDB contra-ataca. E com força!
3. Negocie taxas, tarifas, mensalidades e contas em atraso. Mais do que nunca, os bancos e operadoras de serviços, como cartões de crédito, estão dispostos a negociar e receber as dívidas atrasadas. Trata-se de uma excelente oportunidade para solicitar isenção de anuidades e a revisão de dívidas de juros muito altos.
Ligue para operadoras e empresas que prestam serviços concorrentes e peça descontos durante a negociação. Sempre existe margem para negociação. Um pouco de confiança e determinação podem ajudá-lo a economizar muito; esta economia pode ser usada para um presente ou mesmo para uma ajustada em sua cesta de investimentos.
4. Invista em formação. O mundo está se transformando: em breve, os países tidos como emergentes se tornarão responsáveis por boa parte do crescimento mundial. Aposto que você já ouviu falar do termo BRIC, que denomina os países Brasil, Rússia, Índica e China. Pois é, olhando por esse prisma, parece óbvio que grandes corporações estarão (já estão) deslocando esforços no sentido de se estabelecerem nesses países.
A idéia é que milhões de oportunidades de trabalho surjam, à espera de profissionais que agora optam pela formação e desenvolvimento profissional. Em seu artigo mais recente, denominado “Se oriente, estude mandarim”, publicado na edição de outubro da revista Você S/A, o professor Luiz Carlos Cabrera é taxativo ao afirmar que, já em 2015, 60% do PIB mundial estará nas mãos dos emergentes (ou seriam emergidos?).
Ele ainda sugere que os profissionais sigam mais longe e aprendam o Mandarim, já que a China seria a potência máxima nesse novo cenário. Quem perceber estes e outros insights estará à frente de seu tempo e a um passo do sucesso. Porque, em suma, investir em educação é ampliar seu potencial. Mas construir o futuro é algo que começa hoje, agora.
5. Faça um curso de educação financeira e(ou) investimentos. Você está realmente preparado para lidar com o seu dinheiro? Se precisamos nos aperfeiçoar nas disciplinas profissionais, por que seria diferente com a vida pessoal? E isso serve para todas as pessoas (devedoras, compulsivas ou investidoras). Um curso, além de ajudar a colocar em dia suas finanças, poderá transformá-lo em um multiplicador dos conhecimentos adquiridos. O país agradece.
Aproveitar momentos de crise para refletir, decidir e agir é a diferença da pessoa inteligente e que busca a verdadeira independência financeira
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Ricardo Pereira é consultor financeiro, trabalhou no Banco de Investimentos Credit Suisse First Boston e edita a seção de Economia do Dinheirama.
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