Segundo levantamento realizado pelo Instituto Assaf, de 2002 até junho de 2015, a participação das mulheres com CPF registrado na BM&F Bovespa saltou de 17,63% para 24,16%. No mesmo período, a presença dos homens na bolsa recuou de 82,37% para 75,84%.
Na comparação do número de investidores, os homens eram 70.219 em 2002, contra os atuais 423.312, um avanço de 505%. Do lado das mulheres, a evolução foi de 800,7%, de 15.030 para 134.825 em maio deste ano. A participação das mulheres atingiu o auge em 2012, com 25,30% dos cadastros da bolsa, mas veio recuando nos últimos anos.
De acordo com o instituto, o aumento da presença feminina na Bovespa foi puxado pelos programas de divulgação, tanto da Bolsa quanto das corretoras de ações, assim como pelo aumento da participação da mulher no mercado de trabalho.
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“O foco em educação financeira e elevação da governança corporativa das empresas é o caminho certo que a Bolsa tem buscado (e deve continuar) para elevar o número de investidores”, afirma Michael Viriato, coordenador do laboratório de finanças do Insper.
Para o especialista, a principal razão que explica a estagnação da presença feminina na Bolsa diz respeito ao aspecto comportamental de olhar para o desempenho passado como reflexo do retorno futuro.
“O desempenho do Ibovespa foi decepcionante desde 2008. Em um cenário desafiador como o passado é mais difícil de obter ganhos. Portanto, acaba desestimulando e afugentando o investidor individual. Além disso, o investidor do sexo feminino costuma ser mais conservador que o masculino”, explica Michael.
Quando o assunto é Investimentos, a principal diferença entre homens e mulheres está no perfil, de acordo com Viriato. “As mulheres costumam ser mais conservadoras que os homens. Por se preocuparem mais com a renda futura, elas tendem a colocar maior peso em proteção do capital investido e, assim, se arriscam menos”, diz.
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Para aumentar o investimento das mulheres no mercado de ações, Viriato acredita que não é preciso um tratamento diferente. “Tudo passa por educação financeira. O perfil de um investidor não se altera com um tratamento diferenciado. Entretanto, um acesso maior a educação financeira pode quebrar preconceitos com tipos de investimentos mais arriscados. Ou seja, muitas vezes a falta de investimento em uma classe de ativos (ações, por exemplo) ocorre por se atribuir um risco maior que o real”, avalia.
Fonte: Instituto Assaf e BM&F Bovespa.
Foto “Woman investing”, Shutterstock.