Soa como uma ótima noticia, não é mesmo? Calma lá. Depende! Depende da forma como você vai encarar a volta ao consumo e, principalmente, se você planejará a compra de um novo bem. Algumas perguntas devem muito bem respondidas e vamos abordá-las aqui neste texto. A primeira pergunta é simples: será que eu preciso desse bem, nesse momento? Trata-se da questão entre comprar por comprar e comprar por necessidade.
A questão é polêmica, mas precisa ser abordada pela ótica do planejamento. Nós brasileiros somos os reis do desperdício. Quem já teve coragem de verificar o valor dos alimentos que foram jogados ao lixo no último mês? Ou mesmo de mais uma bolsa ou DVD
O consumo precisa ser consciente, inteligente, nem sempre relacionado à vontade, mas dentro de um critério de necessidade e oportunidade.
Surge então a segunda questão: como vou comprar? A volta do crédito fácil é perigosa. Hoje pela manhã, ao lado do meu amigo Navarro, ouvi a seguinte história: uma senhora, depois de alguns anos com o mesmo carro, resolveu trocar o veículo por um mais novo. O valor de manutenção anual do carro já dizia que a estratégia mais inteligente seria a compra de um carro novo.
A senhora dirigiu-se ao banco em que possui conta e com o qual mantém relacionamento e foi “aconselhada” pelo gerente a não mexer no valor de suas aplicações (montante mais que suficiente para a compra do automóvel e para manter uma reserva saudável) e financiar a compra do carro novo.
Percebe-se que muitas pessoas são levadas a acreditar que prazos estendidos e valores pequenos são as melhores alternativas de compra. No caso de nossa história, há bom fluxo de caixa, os investimentos
É óbvio que a grande maioria dos gestores são pessoas sérias e jamais defenderiam uma situação como essa (quero acreditar que seja assim), mas a realidade do fato mostra que isso acontece com certa freqüência. Felizmente, no caso acima o desfecho não foi o desejado pelo gerente, pois a senhora foi orientada por pessoas de seu convívio a não realizar tamanha sandice.
Nota-se que a ingenuidade dos consumidores é explorada. O conselho antes de tomar qualquer decisão que envolva dinheiro é objetivo e direto: procure entender o que está diante de você, informe-se e busque a opinião de outras pessoas, amigos ou parentes. A história verídica se encaixa no contexto do artigo justamente para exemplificar que, mesmo na necessidade, existem formas e maneiras mais apropriadas para se comprar bem.
Comprar financiado deixa o bem mais caro, portanto avalie bem o que fazer. Não caia na conversa de parcelas pequenas. Elas matam o seu poder de investimento e seu futuro financeiro fica comprometido.
De olho no status…
Cabe repetir: cuidado com o desejo pelo simples ato de esbanjar status. Não pense que, ao comprar algo, a compra lhe conferirá poder sobre as pessoas. Ninguém é melhor do que ninguém porque comprou um carro ou um computador de última geração. Muitas vezes, essa compra esconde uma conta negativa e uma vida financeira arruinada. Vale a pena viver “de fachada”?
Merecem respeito todos os cidadãos que já pensam e planejam o futuro. E investem, não só dinheiro
Então, cuidado! Não caia na idéia e no atrativo do consumo fácil. Os juros estão baixando, o que é ótimo. Mas continuam altos, muito altos. Se quer realizar o sonho da compra de um bem precioso, exerça seu poder de realização e planeje a compra com sabedoria, disciplina e paciência.
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Ricardo Pereira é educador financeiro e palestrante, trabalhou no Banco de Investimentos Credit Suisse First Boston e edita a seção de Economia do Dinheirama.
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