O investimento em criptomoedas desperta muitas dúvidas e incertezas, mas é importante conhecer melhor como funciona e também estar de olho aberto para as novidades do mercado. Você já ouviu falar, por exemplo, em estratégias que envolvem criptomoedas menores?
Conversamos com Gabriel Aleixo, analista chefe da QR Capital que atua desde 2013 no mercado de criptomoedas, tecnologia Blockchain e segurança da informação, para entender melhor sobre o assunto. “É importante entender no que se está investindo.
Hoje não se fala estritamente em criptomoedas, como as pioneiras Bitcoin ou Litecoin, mas sim em criptoativos em sentido mais amplo. Uma unidade digital (token) pode ser tanto uma moeda digital com fim em si mesmo, criada no intuito de fazer pagamentos ou funcionar como reserva de valor (a exemplo do Bitcoin), mas também representar uma participação nos lucros de uma empresa global ou utilidade em um determinado serviço oferecido a partir da tecnologia desenvolvida por uma dada companhia”, explica ele.
Para começar, para quais perfis de investidores você recomenda o investimento em criptomoedas hoje e quais as recomendações?
Gabriel Aleixo: Investidores com perfil arrojado, dispostos à tomada de risco e, preferencialmente, que não requeiram liquidez imediata, dado que em minha visão a melhor relação de risco-retorno no mercado de criptomoedas está na busca por rentabilidade no longo prazo. Acredito que caiba enfatizar as recomendações de estudar o funcionamento e o comportamento de mercado dessas novas tecnologias antes de aportar maiores valores, além de buscar ajuda de um serviço profissional de gestão.
Outra dica interessante é fazer uma compra inicial, de valor simbólico, de Bitcoin ou alguma outra criptomoeda de grande capitalização, a fim de se fazer um pequeno pagamento online ou remessa internacional de valor. Em geral, aprender fazendo é a forma mais simples de compreender e reconhecer o grande potencial de crescimento que essas tecnologias guardam.
O que considerar ao investir nesta opção? Quais os possíveis benefícios e quais os eventuais riscos de colocar parte da carteira em criptomoedas?
G.A.: Em primeiro lugar, é importante entender no que se está investindo. Hoje não se fala estritamente em criptomoedas, como as pioneiras Bitcoin ou Litecoin, mas sim em criptoativos em sentido mais amplo. Uma unidade digital (token) pode ser tanto uma moeda digital com fim em si mesmo, criada no intuito de fazer pagamentos ou funcionar como reserva de valor (a exemplo do Bitcoin), mas também representar uma participação nos lucros de uma empresa global ou utilidade em um determinado serviço oferecido a partir da tecnologia desenvolvida por uma dada companhia.
Uma vez entendidas as utilidades de algumas das diferentes classes de criptoativos existentes hoje, o próximo passo é entender que tipo de ativo ou de serviço de gestão de criptoativos (SGC) melhor se adequa ao seu perfil de investimento. Pode-se investir desde diretamente na reserva de Bitcoins visando a apreciação com o passar dos anos, até numa cesta diversificada que engloba dezenas de tokens atrelados a startups com potencial promissor, por conta dos serviços e tecnologias que estão construindo.
Existem hoje no mercado diferentes possibilidades nesse sentido, englobando tanto produtos de mais alto risco, com foco em maior rentabilidade no longo-prazo, quanto produtos focados em estratégias de proteção com retornos menores, porém igualmente em prazo relativo mais curto. Em resumo, creio que seja importante estudar previamente o tema ou buscar o auxílio de um time de especialistas na gestão de criptoativos.
Como funciona o investimento em criptomoedas menores? Quais as diferenças com relação ao investimento nas mais conhecidas? Como são escolhidas?
G.A.: As alocações são focadas em projetos novos e de menor capitalização, porém com potencial de alto retorno com o passar do tempo.
A estratégia foi desenhada para otimizar a captura de ganhos no longo-prazo, sem, no entanto, expor os recursos numa carteira cujos ativos se movem necessariamente na mesma direção a todo tempo, a título de diversificação do risco de mercado associado. Podemos afirmar que nossa estratégia é especialmente eficiente com um mercado otimista, uma vez que projetos menores tendem a se valorizar ainda mais fortemente durante períodos de alta.
Nosso conceito de diversificação também contempla a natureza dos mercados aos quais esses criptoativos estão associados, uma vez que buscamos distribuir o portfólio entre múltiplas áreas de atuação dos projetos, como: finanças descentralizadas, meios de pagamento, pagamentos privativos, governança corporativa, etc. Ademais, são levados em conta a qualidade e o histórico do time que desenvolve o projeto, o cronograma de desenvolvimento e a demanda potencial do mercado pelo serviço ao qual as criptomoedas em questão estão associadas.
Poderia dar alguns exemplos de rentabilidade e criptomoedas presentes?
G.A.: Em nosso processo de avaliação permanente, estamos sempre observando um total de 30 criptoativos, escolhendo um número mínimo de 10 e máximo de 18 dentre eles nos quais alocar os recursos do serviço de gestão.
Essa parte da estratégia de diversificação consiste em ampliar o leque de áreas de atuação em que estamos investindo, para não ficar exposto a um excessivo risco de natureza setorial, como questões regulatórias, concorrenciais e afins. Exemplos das áreas distintas em que investiremos através desses projetos são: finanças institucionais, meios de pagamento, contratos inteligentes, governança, internet das coisas, comunicação e infraestrutura tecnológica, englobando tanto tokens de projetos construídos em cima da rede Ethereum, como também projetos que possuem uma rede (“blockchain”) própria. Em seu primeiro mês de mercado, o QR Rocket obteve rentabilidade de 14,06%.
Qual o papel da QR Capital na gestão e quais as taxas cobradas?
G.A.: Todos os processos referentes aos SGCs são conduzidos pelo time da QR Capital, o qual possui apenas parcerias com terceiros para distribuição dos produtos. As áreas de Research e Gestão da QR Capital conduzem suas ações em conjunto, definindo consensualmente os criptoativos a serem acompanhados, dentre esses os criptoativos em que serão alocados recursos, bem como uma estratégia prévia para o momento adequado de execução.
Para a validação disso, adotamos os seguintes passos:
- Seleção dos Ativos
Research terá a responsabilidade de escolher os criptoativos.
- Análise de liquidez e plano de execução
A Gestão terá a responsabilidade de observar o melhor momento para as execuções respeitando as métricas de liquidez.
- Sentimento de mercado
Research e Gestão em conjunto irão analisar o timing ideal de posicionamento.
- Controle das posições
A Gestão será responsável por controlar as posições em carteira.
A taxa de administração é de 2% ao ano e a taxa de performance é de 20% sobre a rentabilidade semestral ou acumulada até o momento
do resgate.
Vocês afirmam que “O Rocket, numa comparação livre, seria um misto de ‘small caps’ com ‘venture capital’, porque o alvo do serviço são as criptomoedas associadas a pequenos projetos com boas perspectivas de valorização”. Podem detalhar um pouco mais esta explicação para o investidor?
G.A.: O que se chama de “venture capital” mundo afora nada é mais é do que o “capital de risco”, termo usualmente associado aos fundos que investem em empresas nascentes com alto potencial de crescimento em escala, as famosas startups. Já a ideia de “small caps”, como são chamadas no mercado financeiro tradicional, refere-se às companhias listadas em bolsa que são menores em termos relativas quando comparadas às gigantes que comumente têm maior impacto sobre os índices de mercado em si.
Logo, quando comparamos o QR Rocket a estas categorias estamos basicamente dizendo que seu comportamento e potencial é similar, embora não igual, aos destes mercados. Ao contratar este serviço de gestão, é como se o cliente estivesse se expondo financeiramente a uma carteira diversificada de pequenas participações em empresas nascente de tecnologia, atuantes nos diferentes mercados que perpassam a criptoeconomia.
Quais as expectativas para o mercado de criptomoedas no médio e longo prazo?
G.A.: O ano de 2019 deve ser de construção e consolidação. Durante o boom ocorrido entre o final de 2017 e começo de 2018, vimos literalmente centenas de projetos arrecadando milhões de dólares em ofertas iniciais de moedas, os famosos ICOs.
Entretanto, apenas uma parte minoritária deles parece realmente ter construído as aplicações prometidas e, entre essas, apenas uma parcela aparenta ter o que os investidores de risco chamam de “product market fit”. Ou seja, de centenas de projetos, apenas um punhado viraram empresas cujos produtos são capazes de atender a uma demanda concreta do mercado, com um número significativo de usuários reais. Contudo, apesar de poucos, esses “sobreviventes” que passaram pelo “boom” e pelo “bust” num breve intervalo tendem a gerar uma grande repercussão com o que vêm fazendo.