Hoje, durante o almoço, o noticiário esportivo de uma emissora era pouquíssimo observado. Pararam de falar da reta final do Brasileirão. Diante de tanta gente cabisbaixa, uma voz rouca disse: “Eu lá quero saber de futebol. Quero saber se a taxa de juros vai cair”. Mesmo estando na Paulista, me assustei. Me dei conta de que o país do futebol se transformou no país dos economistas de plantão.
Tudo bem, esta constatação é exagerada. Por incrível que pareça, a crise financeira ainda passa longe do cotidiano da maioria da população. Será? É impressionante como, hoje em dia, Wall Street
Afinal, que crise é essa?
Confiança é a palavra de ordem. Trata-se de uma crise financeira que, em segunda análise, nos leva ao ponto central do momento que vivemos atualmente: o que fazer para reconquistar a confiança dos investidores e do mercado? Quando o assunto é dinheiro, confiança tem peso enorme. Não é assim?
Perceber e vivenciar a quebra de instituições que antes ditavam as regras e alimentavam o sistema torna o ato de confiar um tanto nebuloso e muito difícil. Quem é confiável? Pensando nisso e nos reflexos reais da crise, os Bancos Centrais das principais economias do mundo parecem matar um leão por dia. Como tornar o sistema novamente confiável?
Injeção de bilhões de dólares e reais aqui e acolá, resgate de carteiras podres de bancos em apuros, flexibilização do compulsório. Hoje está em curso uma ação coordenada entre os Bancos Centrais dos Estados Unidos, União Européia, Canadá, Suíça, Suécia e China. Decidiram, entre outras coisas, reduzir conjuntamente os juros. A volatilidade e as expectativas, porém, continuam preocupando.
E agora, José?
A-há, boa pergunta. E agora? A verdade é que ninguém sabe ao certo como o mercado interpretará essa ação histórica. Isso mesmo, histórica. Nunca havia se pensado em uma ação econômica dessa magnitude e de forma tão coordenada. Talvez essa ação seja considerada atitude-desespero, pela simples constatação de que a crise é maior do que se supunha.
O que se sabe, e talvez esta seja a luz no fim do túnel, é que o problema é global, generalizado. Ações conjuntas talvez sejam as únicas possibilidades reais de sucesso para que o mundo consiga sair dessa crise de confiança e, principalmente, de oportunidades. Com isso, quero dizer que conquistar a confiança terá que ser um trabalho de muitos governos.
O que é uma crise de oportunidades?
O mundo não vive sem crédito, certo? As empresas interrompem os investimentos, param seus projetos de crescimento e os investidores
Pessimista sim, terrorista não!
O artigo de hoje está em um tom um pouco pessimista, admito. O Ibovespa fechou em baixa (-3,85%) mais uma vez, dando a entender que a ação coordenada dos BCs não foi suficiente. Na verdade, é cedo para dizer. Por enquanto, reinam o medo e a insegurança, fatores que alimentam a discutida crise de confiança. Está todo mundo “com a pulga atrás da orelha”, esperando pelo próximo movimento. Mas, que movimento será esse?
A comparação com o ciclo fortíssimo de correção da crise de 1929 é um alerta de que as coisas vão mal e podem piorar. No entanto, mantenho a expectativa positiva apoiando-me nas constatações de que crises são cíclicas e de que todos nós estamos tirando boas e importantes lições desse período. Mudanças positivas para o sistema financeiro surgirão. O mundo não vai acabar.
E o que acontece no Brasil?
O Banco Central brasileiro vem agindo no sentido de promover liquidez no mercado. Mais, começou a vender dólares da reserva cambial na tentativa de conter a alta da moeda americana, que hoje recuou um pouquinho (bem pouquinho), fechando em R$ 2,28. Concordo com alguns analistas mais ousados: por que não cortar, agora, hoje, 0,5% da taxa Selic?
Os corvos já rondam os céus cinzentos do mercado financeiro
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Ricardo Pereira é consultor financeiro, trabalhou no Banco de Investimentos Credit Suisse First Boston e edita a seção de Economia do Dinheirama.
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