Dólar à vista tem maior queda desde janeiro com aprovação de marco fiscal e exterior

O cenário externo também ajudou, em um dia de busca por ativos mais arriscados, como as moedas de países emergentes (Imagem: Reprodução/Freepik/@user3512297)

A aprovação do novo marco fiscal na Câmara dos Deputados e a queda firme do dólar no exterior, após a divulgação de dados fracos da economia dos EUA, fizeram a moeda norte-americana à vista ter forte queda ante o real nesta quarta-feira.

O dólar (USDBLR) à vista fechou o dia cotado a 4,8569 reais na venda, com baixa de 1,63%. Foi a maior queda percentual em um dia desde 6 de janeiro deste ano, quando a moeda norte-americana recuou 2,17%.

Na B3 (B3SA3), às 17:13 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 1,70%, a 4,8605 reais.

Na noite de terça-feira, a Câmara aprovou o novo marco fiscal, dando fim a negociações entre governo e parlamentares que se arrastavam há semanas. O texto segue agora à sanção presidencial.

Com a aprovação, dois fatores impactaram os mercados nesta quarta-feira: o fato de a votação ter sido concluída, após semanas de adiamentos; e a retirada de pontos do texto vindo do Senado que abriam margem a mais gastos do governo.

“Alguns aspectos negativos foram retirados do texto, mas eles vão vir de outra forma. O mais positivo foi a aprovação em si. A questão de prazo estava ficando delicada, com os adiamentos. A aprovação do novo marco vira uma página, reduz a nebulosidade”, avaliou Cleber Alessie Machado, gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM.

Segundo ele, o cenário externo também ajudou, em um dia de busca por ativos mais arriscados, como as moedas de países emergentes. O movimento ocorreu na esteira da divulgação de números fracos sobre a economia norte-americana.

A S&P Global informou que seu Índice de Gerentes de Compras (PMI) Composto dos EUA, que acompanha os setores de manufatura e serviços, caiu para 50,4 em agosto, de 52 em julho, na maior baixa desde novembro de 2022. Na prática, a atividade empresarial aproximou-se em agosto da estagnação, com o crescimento no ritmo mais fraco desde fevereiro.

Os números norte-americanos somados às dificuldades recentes na China e na Europa elevaram a percepção de que a inflação nos EUA pode desacelerar a ponto de o Federal Reserve manter sua taxa de referência no patamar atual, na faixa de 5,25% a 5,50%, ou começar a cortá-la antes do previsto.

Neste cenário, o dólar cedia ante moedas fortes e praticamente todas as divisas de emergentes e exportadores de commodities, incluindo o real.

Às 17:13 (de Brasília), o índice do dólar que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas caía 0,18%, a 103,400.

Durante a tarde, o Banco Central informou que o Brasil registrou fluxo cambial total positivo de 3,790 bilhões de dólares em agosto até dia 18.

Pelo canal financeiro, houve saídas líquidas de 366 milhões de dólares. Pelo canal comercial, o saldo de agosto até dia 18 foi positivo em 4,156 bilhões de dólares.

Pela manhã, o BC vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de outubro.

Postagens relacionadas

Petróleo tem leve queda na semana com preocupações sobre demanda

Wall Street fecha em queda sessão de sobe e desce com postura dura do Fed

Ibovespa fecha quase estável com acomodação após Fed, mas tem pior semana desde março