Dólar encosta em R$ 5 com temores sobre a China

Na véspera, o dólar à vista fechou o dia cotado a 4,8556 reais na venda, com baixa de 0,41% (Imagem: Freepik/ @ graystudiopro1)

O dólar à vista teve alta firme ante o real nesta segunda-feira, acima de 1%, em meio a preocupações dos mercados globais com o crescimento da China – importante compradora das commodities brasileiras – e mais especificamente com o setor imobiliário chinês.

O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,9662 reais na venda, com alta de 1,26%. Foi a sétima alta do dólar em agosto, em um total de dez sessões, com a moeda norte-americana acumulando ganho de 5,01% no mês.

Na B3, às 17:12 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 1,18%, a 4,9820 reais.

Desde cedo os mercados globais foram conduzidos pelas preocupações com a desaceleração da China, agravada por dificuldades na área imobiliária do país. No centro da turbulência estava a Country Garden, importante incorporadora chinesa que busca atrasar o pagamento de um título privado.

Os receios com a China somaram-se à possibilidade, ainda presente nas mesas de negociação, de que o Federal Reserve ainda possa elevar mais uma vez a taxa de juros dos Estados Unidos em 2023, para segurar os preços no país. Na sexta-feira, o Departamento do Trabalho dos EUA informou que o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) para a demanda final subiu 0,3% em julho, ante variação zero do mês anterior. Nos 12 meses até julho, os preços ao produtor aumentaram 0,8%, após alta de 0,2% em junho.

Neste cenário, o dólar desde cedo apresentava ganhos consistentes ante as divisas de países emergentes e exportadores de commodities. A moeda norte-americana também avançava ante as divisas fortes.

No Brasil, o dólar à vista oscilou em alta durante todo o dia. Às 9h17, marcou a mínima de 4,9105 reais (+0,12%) e, ao longo da sessão, escalou patamares mais elevados, até a máxima de 4,9720 reais (+1,38%) às 16h10. O avanço firme do dólar sustentou a alta das taxas dos contratos futuros de juros nesta segunda-feira.

Crise Argentina

Enquanto as preocupações com a China, em especial, conduziram as cotações do dólar, o mercado também monitorou os desdobramentos da vitória do candidato de extrema-direita Javier Milei nas eleições primárias da Argentina.

Em meio à pressão, o banco central argentino anunciou nesta segunda-feira uma desvalorização de quase 18% do peso, fixando a taxa de câmbio em 350 por dólar até a eleição geral de outubro. Além disso, elevou a taxa básica de juros de 97% para 118% ao ano.

Dois profissionais ouvidos pela Reuters ponderaram que, apesar do forte movimento cambial no país vizinho, as cotações no Brasil nesta segunda-feira foram influenciadas pela aversão ao risco disparada pela China, e não pela Argentina. No entanto, a situação no vizinho segue no radar, já que a Argentina é um dos principais parceiros comerciais do Brasil, destino de boa parte das exportações industriais locais.

No exterior, o dólar seguia em alta ante as demais divisas no fim da tarde.

Às 17:12 (de Brasília), o índice do dólar – que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas – subia 0,26%, a 103,140.

Pela manhã, o BC vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de outubro.

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