Durante o programa, deixei minhas impressões e opiniões disponíveis a todos através do meu perfil no Twitter. Também comentei um pouco do que acontecia nos bastidores – ouso dizer que, algumas vezes, durante os intervalos foram ditas coisas mais interessantes que durante o programa. Aliás, algum leitor acompanhou a entrevista na TV Cultura? O que você achou?
De uma maneira geral, a experiência foi maravilhosa. Mais uma vez aprendi muito e tive a oportunidade de estar próximo da maior autoridade econômica
Que tal a dívida pública? Ela deveria ser abordada principalmente porque foi um dos pontos negativos que as agências de avaliação de risco fizeram sobre o futuro do Brasil. Mais, sobre ela ainda pesa a questão dos juros, que fazem a dívida aumentar ainda mais.
E os gastos públicos? Este talvez seja o verdadeiro responsável pelo aumento dos juros. O governo gasta muito e gasta mal. Enquanto faltam investimentos em educação e infra-estrutura, o governo gasta milhões em projetos sociais que não resolvem problemas de cidadania – apenas criam dependentes da boa vontade do governo.
Pior, abre espaço para que, em nome desses projetos, o governo aumente a arrecadação com novos impostos e contribuições financeiras sem cabimento. Falou-se de inflação, mas faltou entender, sob a ótica do presidente do Banco Central, o que verdadeiramente motiva a utilização dos juros como instrumento de contenção inflacionária, já que parece claro que não é a demanda a causadora dessa alta.
Minhas observações e o que esperar…
Falou-se um pouco sobre o dólar, mas não percebi nenhuma atitude, por parte do BC, capaz de surtir efeito em um curto espaço de tempo e conter o avanço do Real frente à moeda americana. Acredito, neste caso, que a lei do mercado prevalecerá.
A expectativa de inflação no médio prazo parece estar controlada, mas não sei se agüentaremos ficar dentro da meta estabelecida para o ano de 2008. O próprio governo já toma dinheiro emprestado a pouco mais de 15% ao ano em um dos seus títulos: as Letras do Tesouro Nacional (LTN) com vencimento em julho de 2010, um título da dívida pública prefixado.
Levando-se em conta o desconto da taxa de inflação esperada pelo mercado para os próximos 12 meses, o papel renderia uns 9,7% no primeiro ano. Se a situação melhorar, o rendimento será ainda maior. Há exatamente um ano, o governo pagava cerca de 10,5% no mesmo papel que venceria dali a dois anos, com taxa real esperada de pouco menos de 7%.
Os números realmente trazem mais pensamentos ao investidor inteligente
Em um cálculo simplista, seria necessário o Ibovespa subir ao patamar de 77 mil pontos para “compensar” o rendimento dos títulos do Tesouro. Isso sem contar a segurança dos papéis emitidos pelo governo, garantia de que não haverá volatilidade. No mercado de ações
Não estou sugerindo que você simplesmente abandone sua carteira de ações. Não é isso, cuidado com a interpretação. O investidor sensato e antenado já percebeu que não é nada sadio manter todo o seu capital em uma única aplicação. Dada a tranqüilidade demonstrada no discurso de Henrique Meirelles, parece que estamos diante do momento ideal para aproveitar a ótima rentabilidade garantida ao emprestar dinheiro ao país.
Quer saber mais sobre os títulos públicos e sua compra? Fique por dentro do Tesouro Direto. O artigo contou com dados, detalhes e informações publicados também no jornal Folha de S. Paulo. Até sexta-feira.
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Ricardo Pereira é Analista Financeiro Sênior da ABET Corretora de Seguros, trabalhou no Banco de Investimentos Credit Suisse First Boston e edita a seção de Economia do Dinheirama.
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