O comentário e a dúvida do leitor Marcelo ficaram guardados em minha caixa de mensagens por algum tempo (sua mensagem foi enviada em março deste ano). A razão da demora em comentá-la é simples: com a escalada dos preços iniciada no final de 2007, optei por aguardar ao menos cinco meses (janeiro a maio) para debater a evolução das aplicações e da inflação.
Os resultados assustam um pouco, é verdade, mas colaboram para a importante missão deste espaço: promover intensas conversas sobre dinheiro
Que índice de inflação levar em consideração?
Sei que o índice usado como meta para o governo é o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), cujo acumulado dos primeiros cinco meses do ano deve estar próximo de 2,6% – valor estimado, já que o dado oficial ainda não foi divulgado. No entanto, prefiro usar como referência o IGP-M (Índice Geral de Preços de Mercado), cujo percentual acumulado até maio já alcança 4,8%.
Como eu, você deve estar se perguntando o seguinte:
- Suas aplicações, tomados estes mesmos cinco meses, foram capazes de vencer a inflação?
- Por que devemos nos preocupar com isso?
- Que investimentos podem melhorar o retorno em relação à inflação?
- Esta alta deve perdurar ou é um fenômeno passageiro?
Segundo dados cruzados pela Anbid, Cetip e Valor Data, o percentual de rentabilidade nominal (sem contar a inflação) dos investimentos, até quase o fim de maio, está assim:
- Poupança: 2,9%
- CDB: 4,5%
- Fundo Referenciado DI: 4,2%
- Fundo de Renda Fixa: 4,5%
- Ibovespa: 13%
- Fundo Ações Ibovespa Ativo: 8,4%
- Fundo Multimercado com Renda Variável: 3,2%
- Fundo Multimercado sem Renda Variável: 3,8%
- IGP-M: 4,8%
Fica fácil notar que, em média, só as aplicações em ações
A inflação não é galopante como há cerca de vinte anos, mas deve continuar desempenhando importante papel nas nossas decisões financeiras. A motivação para abordar este tema também surgiu da interessante matéria publicada ontem, dia 2 de junho, no jornal Valor Econômico, assinada pela jornalista Luciana Monteiro. Ela reforça o temor e diz que:
“Segundo levantamento do Valor Data, de 2002 para cá, quando houve a reclassificação dos fundos de investimento, esta é a primeira vez que as carteiras de renda fixa apresentam perdas reais no período de cinco meses. O mesmo acontece com os fundos DI, que compram papéis que acompanham a trajetória dos juros”
Mantidas as previsões de alta nos preços, as dicas de investimento se resumem a:
- Optar por títulos do governo que garantam retorno real, como as Letras do Tesouro Nacional série B, que pagavam, na semana passada, até 8,46% ao ano, além da variação do IPCA;
- Dedicar maior parcela de seus investimentos às ações de empresas listas na Bovespa, sempre objetivando ganhos no médio e longo prazos.
Responda com sinceridade: você leva em conta a inflação quando pensa em investir? Pois é, o dragão que andava adormecido resolveu abrir os olhos e espreitar tudo e todos. A Revista Veja traz ótima reportagem sobre a alta dos preços, das commodities e seus impactos na vida do brasileiro. Vale a pena conferir!
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