Jorge Paulo Lemann, o homem mais rico do Brasil

Com uma fortuna avaliada em US$ 19,9 bilhões, o discreto Jorge Paulo Lemann voltou a chamar atenção da mídia especializada após a aquisição da marca Heinz, em acordo com a Berkshire Hathaway, no início de fevereiro de 2013.

A relação com Warren Buffett, presidente da Berkshire Hathaway, não para por aí. Recentemente, após o anúncio da compra da Heinz, o jornal “Financial Times” apelidou Lemann de “Warren Buffett brasileiro” devido a sua habilidade ímpar de fazer grandes negócios, principalmente fusões e aquisições.

Isso deixou a discrição de Lemann comprometida. O assédio aumentou e, aos 73 anos, o ex-surfista e ex-jogador de tênis profissional já não consegue mais se esquivar das notícias da imprensa. Afinal, o brasileiro virou uma lenda após as aquisições da Budweiser, do Burger King e da Heinz.

Trajetória de Jorge Paulo Lemann

Depois de se formar em Economia na Universidade de Harvard, Lemann voltou ao Brasil e, enquanto fazia “bicos” como jornalista no renomado Jornal do Brasil, ainda encontrava tempo para atuar como corretor de ações.

Dez anos depois, em 1971, Lemann começou fazer sua fortuna junto com os amigos e sócios Marcel Telles e Carlos Sicupira, quando comprou a Corretora Garantia.

Em 1981, um dos primeiros grandes negócios do trio foi anunciado. O Banco Garantia comprava o controle da Lojas Americanas, que posteriormente se tornou uma das maiores redes de varejo do país. O modelo adotado pelos sócios para administrá-lo foi inspirado no Walmart.

Fabricantes de cerveja

O império cervejeiro de Lemann e seus sócios começou em 1989, quando o trio comprou a Brahma. Na época, a cerveja travava uma acirrada competição com a Antárctica pela liderança do mercado brasileiro.

Três anos mais tarde, os amigos voltaram a atuar com mais força no mercado financeiro criando a GP Investimentos, que em seguida virou referência no mercado de private equity do país, com fatias de empresas como ALL.

Foi então em 1999 que os negócios do grupo de amigos começaram a chamar atenção no mundo dos negócios. A fusão da Brahma com a sua até então arquirrival Antárctica deu origem à Ambev, que surgia como a terceira maior cervejaria do mundo na época.

Já em 2004, Lemann, Telles e Sicupira deram mais um passo ousado: a fusão da brasileira Ambev com a belga Interbrew deu origem a InBev, a segunda maior cervejaria do mundo. O grupo detinha 25% da cervejaria e se consolidava como o maior acionista da empresa.

Mais presença no varejo

O mundo online virou alvo dos três sócios em novembro de 2006. A Americanas.com, presença da Lojas Americanas para comércio eletrônico, anunciou a fusão com a Submarino.com formando a B2W – maior empresa de comércio eletrônico do país.

No ano seguinte, a Lojas Americanas voltou a expandir seus negócios com a compra das operações da Blockbuster no Brasil por R$ 186 milhões. Além de entrar no ramo de locações de filmes, o negócio foi estrategicamente planejado para ampliar os pontos de venda da Lojas Americanas.

A formação de grandes grupos

O nascimento da AB InBev, em julho de 2008, trouxe até protesto de americanos mais nacionalistas. Não era para menos. Em um negócio de US$ 50 bilhões, a empresa foi criada a partir da fusão da InBev com a Anheiser-Busch, que controlava a Budweiser, cerveja símbolo nos Estados Unidos. Lemann e seus sócios passaram a controlar a maior cervejaria do mundo.

Depois do mercado financeiro, das cervejarias, do comércio eletrônico e da locação de filmes, o trio decidiu se consolidar no mercado de fast food com a compra do Burger King. A segunda maior rede de fast food dos Estados Unidos custou US$ 3,26 bilhões e o comando foi dado ao brasileiro Bernardo Hess, ex-presidente da ALL.

No início de fevereiro, menos de três anos após a aquisição do Burger King, a 3G Capital, fundo de Lemann, Telles e Sicupira, anunciou seu maior negócio desde a criação da AB InBev. Em parceria com Warren Buffett, o grupo comprou a empresa de alimentos Heinz por US$ 28 bilhões, incluindo dívidas.

“A Heinz tem um forte e sustentável potencial de crescimento baseado em padrões de qualidade, inovação contínua, excelente administração e produtos de sabor”, afirmou Buffett.

O homem mais rico do Brasil

A trajetória de Jorge Paulo Lemann é, sem dúvidas, inspiradora. Trabalhando junto com seus amigos e sócios, o empresário brasileiro conseguiu quadriplicar sua fortuna em seis anos, passando de US$ 4,9 bilhões em 2007 para US$ 19,9 bilhões em 2013.

Após a queda nos preços das ações das empresas de Eike Batista, Lemann foi nomeado como o brasileiro mais rico pela Bloomberg. No ranking mundial, o empresário das cervejarias alcança a 36ª posição entre os mais ricos.

Em entrevista para a revista Istoé Dinheiro, Lemann abre o jogo: “Ao contrário dos americanos, que só têm olhos para o setor de tecnologia, os empresários brasileiros costumam investir em setores considerados antigos, como o de cerveja, cimento, aço e até hambúrguer”.

Chamado de “Buffett brasileiro”, Jorge Lemann parece não perder o apetite por aquisições de grandes marcas e bons negócios. Quem será seu próximo alvo?

Fontes: EXAME / InfoMoney / Financial Times. Foto: Alan Marques/Folhapress.

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