Anderson comenta: “Ricardo, acompanho o Dinheirama há alguns anos. Tento conversar em casa sobre dinheiro, mas atualmente vivo um drama pessoal. Perdi o emprego e para não ficar muito tempo desempregado aceitei trabalhar com salário baixo. Hoje, minha esposa ganha mais do que eu, o que me faz sentir diminuído em relação às minhas obrigações com a família. Me sinto muito envergonhado”.
Falar sobre finanças para casais é sempre um desafio. Durante essa última década aqui no Dinheirama vivenciamos inúmeras experiências e relatos que cada vez mais mostram como falar sobre dinheiro no âmbito familiar é fundamental, mas difícil.
Infelizmente, a grande maioria das pessoas não tem o hábito de falar sobre dinheiro quando tomam a decisão de se casar, o que acaba persistindo depois do “Sim” e cria uma realidade sem planejamento, ao melhor estilo “deixa a vida nos levar”.
Boa parte das pessoas ainda acredita que é papel do homem prover o sustento da família, enquanto a mulher deve cuidar da casa e zelar pela família. O mundo (felizmente) mudou, chega desse papo furado.
Hoje, na maioria dos casais, os dois trabalham e já dividem as tarefas domésticas, e isso é extremamente positivo. Mas o fato de os dois trabalharem e terem duas fontes de renda leva à uma situação interessante: dois padrões de vida diferentes para o mesmo casal, já que nem sempre a renda dos dois é igual.
Obviamente que essa situação merece atenção. Se o marido e a mulher possuem salários diferentes, deve-se somar as rendas para efeitos de renda familiar. Duas rendas, um único padrão. Trata-se de um casamento, certo?
Não é porque um ganha mais do que o outro que ele terá o direito de gastar mais ou de mandar e desmandar no orçamento doméstico. Todas as despesas devem ser discutidas em conjunto, essa deve ser uma das regras.
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O sucesso das mulheres no mercado de trabalho
Quando olhamos para o mercado de uma maneira geral, infelizmente as mulheres ainda possuem, na média, salários inferiores aos dos homens, mesmo realizando as mesmas tarefas.
As exceções que existem ainda causam certa estranheza e podem causar danos à família se não forem resolvidas com diálogo e muita sinceridade.
Está claro que o ego masculino e o machismo que ainda persistem em nossa sociedade associam um símbolo do sucesso e força ao homem que tem o papel de “sustentar” a casa. Não existe isso de sustentar a casa, existe viver em família.
A discussão de papéis e conceitos do século passado no fundo acabam limitando e brecando a chance real de as pessoas evoluírem para discussões realmente importantes e que deveriam de fato nortear o futuro da família.
Em vez de se preocupar com quem ganha mais, a pergunta correta deveria ser “O que fazer com o dinheiro da família?”, mas poucos relacionamentos abrem espaço para essa discussão.
Planejamento não tem sexo
No artigo “Casamento: 5 erros comuns que distanciam os casais da independência financeira” (clique e leia o artigo na íntegra), meu amigo Conrado Navarro cita um problema que merece a reflexão imediata dos casais. Tomo a liberdade de replicar uma parte do texto para que continuemos nossa reflexão: Acompanhe:
Erro: Adiar (empurrar) decisões difíceis e trabalhosas. É comum que as discussões sobre as finanças de um casal esbarrem em temas delicados, como consumo de itens considerados supérfluos, gastos excessivos com determinados produtos ou serviços (eletrônicos, salão de beleza, por exemplo) e por aí vai.
Fica mais fácil acomodar-se e esconder do outro o que o incomoda que sentar e ter uma conversa franca, direta e adulta. As consequências deste comportamento são perigosas: distanciamento, falta de diálogo e cobranças constrangedoras minam a energia de qualquer família.
É importante que exista cumplicidade diante da responsabilidade de lidar com o lar e a nova família. Isso significa participar das decisões financeiras, saber bem os limites do “novo conjunto” e respeitar regras de investimento e padrão de vida.
Pode ser que um dos cônjuges precise mudar temporariamente seus hábitos, alterar sua maneira de cuidar das finanças ou até mesmo aprender algo sobre controle financeiro e investimentos. Faça o que precisa ser feito, não o que dá menos trabalho e é mais fácil.
Fiz questão de trazer esse erro comum à maioria dos casais para demonstrar o quanto precisamos modificar a forma que encaramos a vida financeira no casamento. A necessidade de planejar e encarar o relacionamento como uma comunhão consensual é o que de fato precisa prevalecer.
Encarar a questão levando em conta quem ganha mais é limitar o desenvolvimento da família e desviar o foco que deveria ser a busca por uma vida equilibrada.
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Conclusão
O leitor que encaminhou a pergunta pediu anonimato. Ao pesquisar sobre o tema antes de escrever o texto, percebi que essa questão é levantada em outros sites e nos últimos anos ganhou ênfase.
Tenho a convicção que cada vez mais as mulheres ganharão destaque e ocuparão cargos de liderança, trazendo cada vez mais reconhecimento e retorno financeiro. A sociedade precisa avançar e perceber que o mérito caminha ao lado das pessoas independentemente do gênero.
Ela ganha mais? E daí? Em vez de discutirem quem ganha mais, minha sugestão é que avancem para algo realmente importante, como: como podemos proteger nosso patrimônio? O que podemos fazer com o dinheiro? Como garantir a segurança e conforto da família?
Independente de quem coloca mais dinheiro em casa, isso é o que se espera de um casamento e assim deveriam viver todas as famílias. Precisamos encarar o tema com maturidade, clareza e, acima de tudo, bom senso. Até a próxima!