- Nada menos que 84% das pessoas pesquisadas revelaram que não possuem qualquer tipo de investimento. Por que? Por não contabilizarem sobras de dinheiro ao final do mês;
- Outros 36% se declararam gastadores;
- 44% disseram poupar todo mês;
- 26% deles admitiram estar com o nome sujo no SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) ou Serasa. Desses, 17% disseram que vão esperar a dívida caducar.
O papel da educação financeira
Observando as estatísticas apresentadas e as incoerências de certas decisões, pergunto: onde está a educação financeira? Discutimos muito sua influência, mas e daí? Que mais merece destaque nesta seara? Bom, diferentemente do que muitos costumam dizer, a educação financeira
Claro, é mais compreensível notar indivíduos buscando mais auxílio quando a situação chega a um grau muito calamitoso. É o famoso “aprender pela dor”. Entretanto, independente de qual for a situação financeira das pessoas, sempre haverá espaço para boas práticas de controle, gestão financeira e investimentos.
Caso 1: o devedor
Quando a pessoas estão abarrotadas de dívidas, as práticas de educação financeira cumprem um papel importantíssimo: através de um diagnóstico da atual situação do devedor é possível adotar medidas capazes de auxiliar o devedor a voltar ao rumo ao equilíbrio financeiro
O importante nessa etapa é dar o primeiro passo e assumir a condição de devedor. Assumir a culpa e decidir transformá-la em energia e força para sair do problema. A mudança de comportamento é fundamental, além de ser o único caminho eficiente para transformação.
Caso 2: o acomodado
Encontram-se nessa situação as pessoas que não são grandes gastadores, mas também não conseguem chegar ao fim do mês com um bom valor para aplicar e investir. Tudo que entra como receita é praticamente gasto – e, desta forma, a pessoa fica empacada, com a sensação de que não é capaz de “sair do lugar”.
A verdade é que não é nada agradável ver a vida “parada”. Quem flutua por essa situação não consegue realizar seus sonhos e quase sempre acaba considerando os objetivos como inalcançáveis. A educação financeira traz interessantes lampejos na vida dessas pessoas:
- Um orçamento bem elaborado pode transformar as finanças e fazer com que a família gaste menos do que ganha. O que sobra a partir daí pode alimentar muitos sonhos;
- O diagnóstico bem feito define o padrão de vida suportável, facilitando a adaptação da família;
- O investimento do que sobra cria o hábito de planejar o futuro e, mais importante, realizá-lo.
Caso 3: o investidor
Se você já está nesse patamar, considere-se um felizardo. Afinal, em um país de endividados, tornar-se um investidor
A crise atual é um exemplo: muitas pessoas, desconhecendo as funcionalidades e característica do investimento em bolsa, acabaram destinando grande parte dos investimentos para o mercado de capitais. Estão assustadas. Outras, justamente aproveitando a fase de baixa, criaram novos planos de longo prazo e aumentaram suas participações em sólidas empresas de capital aberto.
Então ficamos assim: as fichas e os três tipos comuns de habitantes do cotidiano financeiro estão aqui propostos. Encontrar o seu perfil e valorizar o poder da educação financeira é atitude que só você pode tomar. Essa mudança pode significar a volta por cima ou o aumento de seu patrimônio no longo prazo. Independência financeira, cedo ou tarde, será o resultado. Afinal, você merece.
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Ricardo Pereira é consultor financeiro, trabalhou no Banco de Investimentos Credit Suisse First Boston e edita a seção de Economia do Dinheirama.
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