Até mesmo uma banana custa mais barato na terra do Tio Sam do que na feira mais próxima da sua casa. Alguns detalhes merecem atenção: nos EUA, ela é importada do Equador e é orgânica. Ou seja, a banana gringa é mais barata e saudável.
Muitos são os motivos para o famoso “Custo Brasil”. Câmbio, demanda, carga fiscal, inflação, concorrência, escala e produtividade são alguns deles. Os problemas mais crônicos que vejo no Brasil são a pouca concorrência (isso quando o mercado não é operado por um cartel) e o apetite desenfreado dos consumidores.
Para piorar, quando há uma concorrência “desleal” de produtos estrangeiros, o governo, ao invés de ajudar o Brasil a se tornar um país mais produtivo (reduzindo impostos e fazendo reformas necessárias nos tributos e na burocracia), cria barreiras através de impostos para esses itens de fora, criando um aumento artificial para justificar o preço dos produtos no mercado nacional.
Eu acredito muito em uma citação que diz que “quem faz o mercado é o consumidor”. E procuro fazer a minha parte na hora de adquirir um produto ou serviço novo. Com a Internet, é muito fácil pesquisar e ficar triste com a diferença de preços entre o Brasil e o resto do mundo. Mas veja:
- Temos o iPhone mais caro do mundo e temos filas nas lojas;
- Temos os carros mais caros, e com um grau de segurança em acidentes comparável aos carros europeus da década de 80 (procurem por “Latin NCAP” nos buscadores da internet), e filas nas lojas (alguns carros populares com filas de até três meses para entrega);
- Isso sem falar na Internet banda larga (lerda!), produtos de higiene, roupas e por aí vai. A lista é enorme. Ah, não mencionei o mercado imobiliário, me desculpem. Melhor parar por aqui…
A verdade é que o sonho do brasileiro em ter o novo eletrônico e/ou desfilar com o carro novo esbarra, com violência, na realidade dos preços. Às vezes, acho que o mercado “testa o bolso do consumidor”, que até chega a reclamar, mas é só parcelar que a raiva passa. Para muitos, as “suaves prestações” resolvem o problema do alto preço.
Até vejo alguns movimentos de boicote a alguns produtos nascendo nas redes sociais, mas, infelizmente, estas “revoluções” morrem precocemente. Ao menor sinal de redução de preços, “consumidores milionários” vão para as lojas e “fazem a sua parte”. Afinal, mais vale um gosto do que um dinheiro no bolso.
Até quando? A situação é sustentável? O Brasil terá capacidade de destacar-se como potência sem lidar com a realidade das necessárias reformas? O consumidor seguirá o pensamento milionário enquanto sua renda for crescente? Vamos tentar elevar o nível do debate? Deixe sua opinião por aqui e até a próxima.
Foto de sxc.hu.