É fato, estamos mesmo entre os países mais desenvolvidos do planeta. Mas estaríamos entre as sociedades mais desenvolvidas? A minha resposta é “Sim”. Considerando as barbaridades que observamos todos os dias no noticiário, assim como os horrores que atormentam nações inteiras submetidas a regimes explicita e sanguinariamente ditatoriais, de fato, nos destacamos.
Observem que a Líbia só foi expulsa do Conselho de Direitos Humanos da ONU na semana passada, com decisão justificada diante da violência praticada contra os rebeldes pelas tropas oficiais do governo.
A questão é que talvez, na minha modesta opinião, exista bastante tolerância por parte dos organismos oficiais na hora de classificar países e sociedades como sendo razoáveis ou inadmissíveis.
Como a nossa sociedade se classificaria, então? Razoáveis? Inadmissíveis? Ótimos? Antes de colocar a minha resposta, vou recorrer ao trecho da notícia “Medo de apagões faz empresas produzirem a própria energia em SP”, publicada no dia 23/02 na Folha de S. Paulo:
“Grandes consumidores de energia elétrica na Grande SP estão abandonando a rede e montando um parque de minitermelétricas para suprir o próprio consumo.O êxodo é uma reação aos sucessivos apagões e ao alto custo da tarifa. O preço do KWh (quilowatt hora) em horário de pico (das 18h às 21h) é sete vezes maior que o valor gasto para a geração própria”
Respondendo: penso que somos razoáveis, até muito razoáveis, mas por vezes inadmissíveis, e eventualmente ótimos, por que não?
Mas, me digam: é razoável que alguma empresa, disposta a investir e a correr todos os riscos de uma empreitada industrial, encarando a barbaridade tributária que vivemos e todos os encargos associados e interessada em gerar riquezas e divisas tenha que abdicar do aparato de infraestrutura energética promovido pelo estado e assumir por conta própria a sua geração de energia? Cabe lembrar que mesmo no caso de concessões privadas, o indutor e fiscalizador é o estado.
Algo como: “Quer produzir? Quer Gerar riquezas, empregos e divisas? Então se vire se quiser que as máquinas funcionem”.
Desculpem-me, mas nesse momento somos uma sociedade inadmissível.
E também pouco razoável é a passividade empresarial que hoje observamos, anestesiada e sem articulação. Rogo, então, para que não nos acomodemos. Podemos até comemorar brevemente a nossa sétima posição, eventualmente por uma noite, uma semana, mas nada além disso.
Há muito para fazer e inúmeros motivos para indignação. A responsabilidade é de todos nós. A vida passa, efêmera e frágil. Mas as consciências, enquanto existirem, serão sempre perseguidas pelo arrependimento daquilo que não se fez.
Honestamente, ficaria muito feliz e satisfeito se em dez anos estivéssemos ainda na antiga 8ª posição, mas em um Brasil fortemente competitivo e educado, com problemas que no passado (hoje) eram considerados insolúveis sendo liquidados e composto por uma sociedade civil forte e respeitada, indignada quando precisa ser, e grata quando for o caso.
Até mais.
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