Como ficam a Selic e o PIB?
Todos apostam em um aumento da ordem de 0,5 pontos percentuais na Taxa Selic já na próxima reunião, ainda em abril. Os analistas estimam que no final do ano a taxa chegue a 11,50% ao ano; até a última semana, a maioria apontava para 11,25%. Ao que parece, o aquecimento da economia
Ainda segundo os economistas, em 2010 o PIB deve chegar à uma alta de 5,81%, sendo a quarta alta seguida publicada no relatório Focus, o que de certa forma reforça a idéia de que a economia do Brasil passa por um momento de muito otimismo. Experimente acessar e ler o relatório com data de 16/04, divulgado hoje, e conheça mais detalhes das previsões e expectativas dos profissionais e instituições consultados.
Henrique Meirelles, o Czar do Banco Central, e os gastos do governo
Nesse cenário de expectativa e algumas incertezas, cabe ressaltar que o Presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, decidiu permanecer no cargo e deve ser o condutor da política econômica até a troca de governo. Além disso, permanece sendo a figura responsável pela confiabilidade do mercado
Aliás, o próximo governo precisará ser muito incisivo na questão dos gastos públicos – ponto em que sempre insistimos e fazemos questão de mencionar. As medidas tomadas pelo atual governo no para tentar suavizar a crise no país foram positivas e surtiram bons efeitos, mas deixaram para trás um fardo bastante pesado.
A Revista Exame fez um levantamento, com base anos de 2008 e 2009, usando como referência os setores de automóveis, eletrodomésticos, material de construção e outros itens, chegando aos seguintes dados:
- Aporte do Tesouro no BNDES: R$ 127 bilhões;
- Corte (Concessão) de Impostos nos produtos: R$ 25 bilhões;
- Aporte do Tesouro na Caixa Econômica Federal: R$ 5 bilhões;
- Aumentos salariais do funcionalismo/servidores: R$ 23 bilhões;
- Total: R$ 180 bilhões.
Os números assustam! Em 2010, os gastos continuam em ritmo acelerado, podendo chegar a um total de R$ 108 bilhões (previstos). O valor representa uma elevação na dívida pública do governo em relação ao PIB (indicador conhecido como relação dívida pública líquida/PIB). Tal indicador pode chegar, em janeiro de 2011, a 65%, ante 57,1% em janeiro de 2007. Recomendo a leitura do paper “Sustentabilidade da dívida pública: uma proposta de longo prazo”, dos professores José Luís Oreiro (UFF) e Luiz Fernando de Paula (UERJ). Está certo que a tendência vem sendo de queda, mas os gastos da máquina pública precisam de melhor gestão – e isso é crônico, um problema apartidário.
Hora de olhar para o futuro
Como já mencionei anteriormente, considero que atravessamos, principalmente no ano passado, um período realmente turbulento e as iniciativas tomadas para conter a crise no curto prazo são menos danosas do que o agravamento da crise. Conseguimos afastar, entre outros males, o desemprego e ainda manter o otimismo nos consumidores
Sim, o Brasil ainda carece de melhor infraestrutura, mais investimentos diretos em produtos competitivos e qualificação, mas vai bem. E agora é o momento de virar a página e voltar ao rigor fiscal (que foi deixado de lado) e instituir um controle de gastos. Tudo para o país crescer de forma sustentável, isto é, mostrar que não viveremos fazendo festas em cima de “bolhas”. Que tal aprender com as lições do passado, de outras economias e garantir um país com crescimento de verdade?
Fonte da matéria: Revista Exame, edição 966. Crédito da foto para freedigitalphotos.net.