Em parte, tais dúvidas são pertinentes. Mas apenas em parte, pois, ao presentear, realmente devemos expressar no valor do presente o apreço que temos pela pessoa que o recebe. Porém, um presente de elevado valor não é a mesma coisa do que um presente de elevado preço. Essa diferença é importante.
Há duas moedas disponíveis para pagar o que consumimos: dinheiro e criatividade. Normalmente, quanto menos criatividade utilizamos, mais dinheiro desembolsamos. O exemplo clássico de meus livros é o do namorado que não teve criatividade para dedicar tempo na elaboração de um cartão caprichado ou de uma poesia, ou para planejar um dia a dois inesquecível – normalmente, ele acaba compensando sua falta de criatividade com a compra de um buquê de flores caríssimo.
Presentes custosos não deixam de gerar uma boa impressão. Quem recebe um presente caro, como uma roupa de grife, certamente reconhece nele o valor do elevado desembolso. Porém, quem recebe uma lembrança cuidadosamente elaborada por quem presenteou, com um cartão contendo uma mensagem que reforça o sentimento de amizade ou amor, inevitavelmente reconhecerá o tempo dedicado à personalização do presente e, por isso, o devido valor daquele item. Mesmo que tenha custado muito pouco, é o tempo dedicado a fazer daquela lembrança algo único e pessoal que dá a ela seu devido valor.
Talvez esteja na criatividade, hoje tão escassa, o tão procurado espírito natalino que o comércio se encarregou de transformar em uma burocrática troca de presentinhos. Repense seus presentes, repense seus gastos, para que você tenha um Natal mais rico.
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Gustavo Cerbasi (www.maisdinheiro.com.br) é consultor financeiro pessoal e autor de Casais Inteligentes Enriquecem Juntos e Dinheiro – Os Segredos de Quem Tem.
Crédito da foto para Marcio Eugenio.