Essa transferência de fundos permite que pessoas com boas oportunidades de investimentos, mas com poucos recursos correntes, possam expandir a produção de bens e serviços na economia. Da mesma forma, os consumidores podem planejar seu consumo, optando por consumir no presente mais do que sua renda, ou postergar o consumo para um momento futuro, aumentando assim o nível de bem-estar na sociedade.
Schumpeter (1911) argumentou que os serviços prestados pelos intermediários financeiros, tais como a mobilização de poupanças, a avaliação de projetos, a administração de riscos, o monitoramento dos Agentes e o facilitador de trocas, são fundamentais para a inovação tecnológica e o desenvolvimento econômico. Para ele, os intermediários financeiros têm a função de diminuir as fricções de mercado – notadamente a presença de informação assimétrica entre os Agentes.
A presença de intermediários financeiros é importante, pois estes, por meio de economias de escala e expertise, conseguem reduzir os custos de transação e produzir informação, permitindo que pequenos poupadores possam usufruir dos benefícios do sistema financeiro: o aumento da liquidez e compartilhamento de risco pela diversificação de seu portfólio.
Segundo Boot (2000), a moderna literatura sobre intermediação financeira está focada no papel do banco como fonte de recursos para os agentes deficitários. É através da relação de empréstimo que o banco desenvolve um forte relacionamento com seus devedores ao longo do tempo. Tal proximidade entre o banco e seus devedores facilita o desenvolvimento de atividades que diminuem o problema de assimetria de informações.
Os ganhos de escala podem ser identificados em dois principais casos:
- Os contratos de empréstimos geralmente são padronizados e confeccionados por advogados que cobrarão um valor que pode ser inviável para um investidor
em particular, mas não quando a conta é diluída entre vários poupadores reunidos por uma instituição financeira; - Ganhos de escala na utilização de equipamentos (computadores, softwares, telefones e etc.) para a realização das transações financeiras.
Além disso, os intermediários também podem estar melhor habilitados para exercerem a função de investidores, por meio da expertise adquirida com a especialização na análise do setor e empresas onde atuam. Conforme Boot (2000), a intermediação financeira pode ser definida como: (i) investimento na obtenção de informações, geralmente assimetricamente distribuídas no mercado; e (ii) avaliação da rentabilidade destes investimentos
Como vemos, apesar dos exageros acontecidos dentro do mercado imobiliário americano nos últimos anos, nada pode substituir o mercado financeiro como alocador de recursos disponíveis e indutor do desenvolvimento econômico.
Bibliogragia utilizada:
- BOOT, Arnoud W.A. Relationship Banking: What Do We Know? Journal of Financial Intermediation. vol. 9, p. 7-25, 2000.
- SCHUMPETER, Joseph A. The Theory of Economic Development. Cambridge, MA: Harvard University Press, 1911.
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Alexsandro R. Bonatto, economista e com MBA em Gestão Empresarial, é professor universitário, instrutor e sócio da Ventura Corporate, empresa de treinamentos corporativos. Tem mais de 13 anos de experiência no mercado de crédito.
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