ONS dá puxão de orelha em geradoras em relatório pós-apagão e pede dados “fieis”

As informações passadas pelos geradores na entrada em operação das usinas após a ocorrência eram diferentes do desempenho apresentado em campo (Imagem: Marcos Santos / USP Imagens)

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) disse nesta sexta-feira ter constatado em análises preliminares que parques geradores próximos à linha de transmissão Quixadá-Fortaleza II, da Chesf, subsidiária da Eletrobras (ELET3), não apresentaram o “desempenho esperado” no que diz respeito ao controle de tensão no apagão de 15 de agosto.

Uma falha registrada na linha de transmissão da Chesf foi considerada o “evento zero” do apagão nacional, que atingiu 25 Estados e o Distrito Federal.

Segundo o ONS, a linha de investigação mais consistente aponta esse desempenho abaixo do esperado como um evento seguinte ao da linha, que desencadeou todo o processo de desligamentos seguintes.

O operador disse ainda ter identificado que as informações passadas pelos geradores na entrada em operação das usinas após a ocorrência eram diferentes do desempenho apresentado em campo.

Segundo o operador, não foi possível reproduzir inicialmente a perturbação ocorrida em 15 de agosto em simulações realizadas com os parâmetros enviados pelos geradores na entrada em operação das usinas (que compõem a base de dados oficial do ONS).

“Em todos os testes realizados com esses dados não foi observada redução de tensão que viole os procedimentos de rede” como a ocorrida após o desligamento da linha de transmissão Quixadá-Fortaleza II, disse o ONS.

Somente com as informações recebidas após a ocorrência que foi possível simular a perturbação, cujos cenários testados apresentaram “sinais de que o desempenho dos equipamentos informado pelos agentes ao ONS antes da ocorrência é diferente do desempenho apresentado em campo”, acrescentou.

O ONS ressaltou em comunicado ser “imprescindível” que os dados encaminhados pelos geradores ao ONS reproduzam fielmente o que acontece na realidade, já que isso possibilita ao operador tomar as medidas necessárias preventivamente.

Acrescentou ainda que permanece aprofundando as análises, “dada a complexidade do evento”.

A próxima reunião para elaboração do Relatório de Análise de Perturbação (RAP) acontecerá em 1º de setembro.

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