Os mercados de risco em todo o mundo atravessam fase bastante complicada, parecendo mesmo um barco sem rumo.
O fato inequívoco é que a economia global, principalmente nos países mais desenvolvidos mostra nítida recuperação. Os EUA, maior economia do planeta, vão crescer mais do que o originalmente previsto, e na visão do FMI atingir 2,9% de expansão do PIB em 2018. Trump acredita numa expansão acima de 3,0%.
Para a China, o FMI divulgou projeção estabilizada de crescimento em 6,6%, pouco acima do objetivo do governo chinês de +6,5%, mas a taxa anualizada referente ao primeiro trimestre de 2018 ficou em 6,8%.
Zona do Euro, Japão e Índia
Na zona do euro, projeção elevada para 2,4% em 2018 e o mesmo acontecendo com o Japão. O Banco Central Europeu indica que a flexibilização monetária foi correta e a recuperação econômica está bem dispersa pelos países da região.
No Japão, as indicações são que o país saiu da deflação quase histórica, as regiões mostram recuperação econômica e a política monetária vai continuar agressiva até que a inflação esteja definitivamente apontada para a meta de 2,0%. A Índia deve crescer em 2018 algo próximo de 7,5%.
Com isso, cobrimos boa parte das principais economias do mundo que, segundo o mesmo FMI, devem apresentar crescimento em 2018 de 3,9%, muito puxado, é claro, pela expansão chinesa.
Previsões para o Brasil
Para o Brasil, previsões locais já foram faladas em até 4%, em meses passados, mas aparentemente agora 3,0% parece ser teto. Os indicadores de conjuntura começam a mostrar alguma exaustão no curto prazo e as previsões de crescimento vão mudando.
A última pesquisa semanal Focus do Bacen indica 2018 com expansão do PIB em 2,76%, em desaceleração, enquanto o FMI projetou 2,3% em 2018 e 2,5% para 2019.
Como temos lembrando sistematicamente, nosso maior problema é o déficit fiscal, dificuldade ampliada pelas eleições majoritárias do ano, onde os gastos expandem. Porém, o maior problema reside mesmo em 2019, quando o novo governo pode não conseguir cumprir o teto de gastos e a regra de ouro, que consiste em não ampliar endividamento para cobrir gastos correntes. De outra feita, com a sucessão presidencial totalmente aberta, não existe clima para votações de mudanças importantes no Congresso e, por via de consequência, os investimentos acabam sendo adiados.
2019 o que acontecerá com o Brasil?
Isso indica que maiores problemas estarão concentrados em 2019, exatamente quando o mundo desenvolvido estará mudando suas políticas monetárias, encurtando a liquidez, elevando juros e reduzindo o tamanho dos balanços de seus bancos centrais. Ou seja, um ambiente bem menos “friendly”, para quem tem que ajustar sua economia, como é o caso do Brasil.
Ocorre que o mundo passa nesse momento por solavancos que estão deixando os investidores atônitos e acionando robôs que disparam ordens automaticamente. Só para lembrar, muitas incertezas.
Risco geopolítico elevado
O risco geopolítico aumenta com EUA e aliados de um lado e Rússia (China também) e Síria de outro. Ainda bem que a Coreia do Norte deu certa trégua no curto prazo. Há o risco de incertezas comerciais a partir da tarifação americana gerando protecionismo, xenofobia e nacionalismo e podendo interferir no crescimento global.
Mesmo considerando tudo isso ainda estamos otimistas com o desenvolvimento dos mercados, inclusive no Brasil.
Enxergamos que os investidores terão que correr mais risco se desejarem obter retornos melhores já que os juros devem permanecer baixos por longo tempo.
Instituições como fundos de pensão terão que arriscar mais para cumprir planos atuariais e as empresas muito sacrificadas (mas já ajustadas) vão conseguir ampliar a produtividade e competitividade.
Isso posto, notem que falamos de investimentos com prazos mais dilatados para retorno. Vemos o momento como ideal para compras progressivas e montagem de carteiras. Para aplicações de caráter especulativo, sugerimos o uso da análise técnica para determinar momentos, e acessoriamente o mercado de derivativos para travar posições e evitar maior exposição.