Não existe administrador
Muito bem, confesso que defendo o mesmo modelo para empresas que atingiram a maturidade necessária e as condições que clamam por um modelo de gestão independente.
Porém, sempre que acompanho os escândalos envolvendo grandes grupos econômicos, onde sem exceção vigora a administração profissional, observo a fragilidade de alguns pilares essenciais, sobretudo nos mecanismos de controle.
Por mais paradoxal que seja, e na contra mão do senso comum de que essas empresas representam exemplos de organização e transparência, insisto na tese de que as crenças mitológicas sobre a eficiência do mundo corporativo
Administradores profissionais, no rigor normativo, cumprem um mandato que objetiva oferecer garantias de independência, autonomia em benefício da coerente condução dos negócios segundo planos traçados e publicados. O mesmo rigor determina que os conselheiros atuem no campo estratégico que lhes cabe, mas, destacadamente, que se concentrem na fiscalização e monitoramento das atividades.
Até aí perfeito, ou seja, saudáveis estruturas normativas a serem seguidas. Mas coloco um questionamento: não seria a hora de um certo aprofundamento nos métodos e práticas de controle e fiscalização?
Nem de longe pretendo defender aqui o fim da autonomia dos profissionais que se encontram à frente desses negócios. Mas não existe, talvez, uma crença um tanto cega em acreditar que o simples fato de seguir o padrão da segregação de funções das diferentes instâncias internas das companhias abertas seja suficiente para barrar sustos, sobressaltos e tragédias empresariais?
Honestamente, não me agrada a ideia de fundadores e sócios exercendo um acompanhamento superficial, em grandes linhas, ancorado simplesmente no rigoroso cumprimento de normas e na confiança estabelecida. O mesmo incômodo sentiria ao imaginar administradores profissionais sem autonomia, impedidos de oferecer as suas melhores competências.
Mas, a forma como somos surpreendidos ao longo do tempo, acompanhando inimagináveis naufrágios empresariais, sugere que algo tem que ser feito. Se não para garantir o sono tranquilo de controladores e investidores
Vamos em frente, torcendo para que venham dias em que o inimaginável, ou inacreditável, se transforme em impossível.
Crédito da foto para freedigitalphotos.net.