Mas o ponto de vista da jornalista e escritora americana Barbara Ehrenreich (Revista Istoé, ano 32 número 2088) sobre autoajuda e pensamento positivo me fez refletir um pouco sobre esse tema. Ela vem na contra mão da onda positivista que costumamos ver e lança o livro “O Lado Ruim das Coisas: Como a Promoção Incansável do Pensamento Positivo prejudicou a América” onde fala que o excesso de positivismo atrapalha a política, a sociedade e a economia
Barbara Enrenreich foi colunista do “The New York Times” e da revista “Time” e já tem 20 livros publicados. Ela entrou em contato com o positivismo ao tratar de um câncer de mama há 8 anos atrás: em meio a essa situação difícil, tudo o que ouvia era que precisava ter pensamento positivo. Mas como? Sua indignação a levou a estudar o tema de forma mais abrangente e profunda.
“O melhor a fazer quando se recebe um diagnóstico de doença grave ou a perda de um emprego é encarar a realidade, descruzar os braços e agir rápido. Aí sim o resultado poderá ser muito positivo”
Ela alerta que o pensamento positivo pode ter um impacto negativo no financeiro das pessoas. Exemplo disso foi a crise financeira
A ideologia do pensamento positivo é americana e surge na metade do século XIX em oposição ao calvinismo, onde seus idealizadores tentavam mudar o pensamento “somos eternos pecadores miseráveis” para “somos um país de oportunidade e vamos pensar de forma diferente”. Mas, no século XX, esse pensamento tornou-se uma forma diferente de culpar a si mesmo: “eu estou pensando negativo por isso minha vida está mal”, tornando as pessoas escravas da busca constante por fórmulas mágicas e do pensar positivo o tempo todo. Essa ideologia também tende a ser muito individualista.
“Os livros de autoajuda nunca perguntaram como os seus desejos podem entrar em conflito com os do outro”
Nos anos 80, o pensamento positivo ganhou força junto ao mundo corporativo. E um novo e lucrativo negócio surgiu: as empresas começaram a investir em eventos sobre motivação
A autora diz que o Brasil tem algo especial: a alegria, o que pode ser constatado em pesquisas internacionais, diferente dos Estados Unidos, onde as pessoas precisam beber um pouco para agir assim. A cultura brasileira preservou instituições e costumes onde o povo pode expressar a alegria coletivamente, como o Carnaval por exemplo. Ponto para nós!
Barbara entende que o melhor caminho é enfrentar a realidade e olhar para o mundo como ele é. Ver as oportunidades e riscos e buscar resolvê-los, nem de uma forma pessimista e nem tão pouco com excesso de otimismo. A entrevista é focada no comportamento do americano, mas nos provoca uma reflexão: qual o limite para o pensamento positivo? Você, caro leitor, o que achou das considerações dessa escritora? Você concorda que o excesso de positivismo acaba atrapalhando o dia-a-dia?
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