Mariana comenta: “Navarro, sou novata no assunto de investimentos, embora eu seja uma boa poupadora. Fui abrir minha conta na corretora que você recomendou e precisei responder um questionário sobre meu perfil de investidora. O resultado foi ‘conservador’. Fiquei curiosa sobre esses perfis e não entendi bem quais existem e por que isso é tão importante ao ponto de eu ser ‘obrigada’ a responder esse tal questionário”.
Este assunto do perfil de investidor é um tema interessante e relativamente simples, mas confesso que também sinto falta de esclarecimentos mais adequados sobre isso. Percebi que o tema não aparecia por aqui há um bom tempo e decidi preparar este texto. Vamos lá!
A importância da análise do perfil do investidor
Quando o assunto é dinheiro, todo cuidado é pouco; e quando o dinheiro envolve a participação de terceiros (seja pessoa física ou jurídica), é necessária ainda mais atenção.
Apesar de haver várias iniciativas, como o Dinheirama.com, que têm o objetivo de melhorar a educação financeira da nossa nação, ainda vemos uma grande maioria de pessoas que não sabem administrar suas finanças.
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O resultado dessa falta de informação é que muitas pessoas acabam investindo em alguns produtos financeiros sem entender de fato quais são os riscos envolvidos, e não são raros os casos de prejuízos e “traumas” por agir assim.
Com isso, no caso de perdas ou resultados positivos além das expectativas, essas pessoas costumam culpar as instituições financeiras. Isso é um erro, pois nós somos os responsáveis pela administração do nosso dinheiro. Quem assina o contrato, aperta o botão ou diz “Sim” ao telefone é você; sou eu; somos nós.
De qualquer modo, para minimizar estes problemas, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que é a entidade que fiscaliza, normatiza, disciplina e desenvolve o mercado de valores mobiliários no Brasil, criou a instrução 539 (clique aqui para saber mais), que fala sobre o dever das instituições financeiras de verificar a adequação dos produtos, serviços e operações ao perfil do cliente.
Esse é o motivo pelo qual todos nós precisamos responder um questionário de análise de perfil de investidor, com o objetivo de diminuir a possibilidade “ficarmos insatisfeitos” com os resultados de um determinado investimento e dizer (ou pensar): “mas eu não sabia…”. Sabia, sim!
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O que são valores mobiliários?
Antes que você fique em dúvida sobre o que significa a expressão valores mobiliários, vou me adiantar, listando abaixo todos eles:
- Ações, debêntures e bônus de subscrição;
- Cupons, direitos, recibos de subscrição e certificados de desdobramento relativos a estes valores mobiliários;
- Certificados de depósito de valores mobiliários;
- Cédulas de debêntures;
- Cotas de fundos de investimento em valores mobiliários ou de clubes de investimento em quaisquer ativos;
- Notas comerciais;
- Contratos futuros, de opções e outros derivativos, cujos ativos subjacentes sejam valores mobiliários;
- Outros contratos derivativos, independentemente dos ativos subjacentes; e
- Quando ofertados publicamente, quaisquer outros títulos ou contratos de investimento coletivo, que gerem direito de participação, de parceria ou de remuneração, inclusive resultante de prestação de serviços, cujos rendimentos advêm do esforço do empreendedor ou de terceiros.
Esta lista foi retirada da lei 6.385, e sei que é um texto chato de ler, mas são informações importantes dentro deste contexto que estamos tratando. Pronto, já foi (risos).
Tipos de perfil de investidor
Agora sim, vamos aos tipos de perfis mais comuns. A maioria das instituições trabalham com apenas três tipos (conservador, moderado e arrojado), mas gosto das análises que incluem mais dois (balanceado e agressivo).
O que diferencia estas 5 classes ou perfis são basicamente a aceitação ou aversão ao risco. Quanto mais disposição de investir em produtos de renda variável, como fundos de ações, bolsa de valores e operações com derivativos, maior o risco e mais agressivo o perfil.
Quanto menos disposição de correr riscos nos investimentos, comprando apenas títulos públicos, letras de crédito ou fundos atrelados ao CDI, por exemplo, mais conservador é o perfil.
Dependendo da combinação entre estes dois extremos, surgem os perfis intermediários. A classificação destes perfis não é algo a ser levado “ferro e fogo”, podendo variar de uma instituição financeira para outra.
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Vou apresentar na tabela abaixo uma média entre os perfis, usando termos percentuais e cores (quanto mais verde, mais conservador), para que você tenha uma ideia do que estou falando:
Repito: esta tabela é uma média e pode sofrer muitas variações. O seu perfil, inclusive, pode ser um combinação diferente de qualquer uma destas. O importante é você compreender o conceito por trás dessas classificações.
Conclusão
Percebeu que até o mais agressivo dos perfis mantém uma boa porcentagem de seus investimentos em renda fixa? Isso reforça um recado importante para todos nós: tão importante quanto ter lucros, é preservar o patrimônio.
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Assim, independente do seu perfil de investidor, nunca deixe de investir em conhecimento, para que você possa realizar seus investimentos de forma inteligente e podendo sempre utilizar seu dinheiro para melhorar a qualidade de sua vida e também das pessoas que você ama. Abraços e até a próxima!