O que aconteceu foi a constatação de que a economia brasileira não escapará imune da crise Financeira e, como o restante do mundo, sofre na pele os efeitos causados pela falta de crédito e investimentos. Interessante que nesse meio tempo a carga tributária nacional representa 36,56% do PIB, segundo dados apresentados pelo IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário) – alta de 1,02% em relação ao ano de 2007:
“O crescimento da arrecadação federal foi de R$ 88,70 bilhões (13,63%), dos Estados R$ 36,55 bilhões (15,66%) e dos municípios R$ 8,02 bilhões (20,64%), crescimento que gerou acréscimo de 13,24% na carga tributária per capita de 2008”
Voltando aos dados alarmantes do PIB, no quarto trimestre a indústria teve queda de 7,4% na comparação com o terceiro trimestre de 2008. Obviamente que quando a crise começou e os investimentos diminuíram o próprio sentimento de desconfiança e medo levou as pessoas a reduzirem o consumo, prejudicando substancialmente o mercado produtivo.
O resultado desses números de 2008, que parecem ultrapassados – afinal estamos praticamente na metade de março, – são muito reveladores porque mostram que mais do que uma “marolinha”, estamos sim no meio da tempestade. Tudo bem, nem tanto. A dúvida do momento já é o que esperar do desempenho de 2009. O governo que antes trabalhava com 4% de crescimento já reviu para 2% sua expectativa de crescimento do PIB. Sinceramente, vamos ter que ter muita sorte pra conseguir isso – aliás, precisamos mesmo de muito trabalho e de um pouco de sorte.
Sorte no sentido de o ânimo e a confiança retornarem e trabalho por parte do governo em finalmente encarar que a crise é um problema grave – e assim começar a agir. Uma das primeiras atitudes é reduzir os juros básicos da economia. Aliás, o corte de 1,5 pontos percentuais realizado hoje levou a Taxa Selic a 11,25%, patamar de um ano atrás. Foi uma importante decisão.
Esqueçam neste momento a inflação, afinal a crise e a falta de consumo regulam imediatamente esse perigo real (que já não é mais tão imediato). Quando falamos em economia
E dá-lhe crédito…
Enquanto isso, o Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) autorizou a ampliação de 20% para 30% do valor de pensão ou beneficio do segurado para receber empréstimo consignado. Se cômico, se não fosse trágico. Porque essa ação leva muito mais pessoas a contrair dívidas que em pouco tempo tomarão suas vidas e as levarão para um buraco fundo e difícil de sair. Em outras palavras, dá mais corda para as pessoas se enforcarem.
Seria muito mais propicio uma campanha efetiva de conscientização de uso do dinheiro
Mais do que nunca precisamos reforçar a importância de planejar os nossos próximos passos. A crise está na frente de nossos olhos. Mágicas e ações isoladas não terão resultados significativos e enxergar um palmo à frente dos olhos nunca foi tão necessário. Chega de financismo.
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Ricardo Pereira é educador financeiro e palestrante credenciado pelo Instituto DiSOP, trabalhou no Banco de Investimentos Credit Suisse First Boston e edita a seção de Economia do Dinheirama.
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