O que esperar do Dólar em 2016? Ele vai mesmo bater R$ 5,00?

O ano de 2016 se inicia e já somos questionados com frequência nas mesas de operações da corretora pelos clientes a respeito do dólar. A pergunta se repete: “O dólar vai subir mais ou vai cair”? Na realidade esta é uma pergunta impossível de responder com 100% de certeza – seria irresponsabilidade afirmar o “caminho” neste sentido.

Para entendermos mais sobre este assunto, primeiro precisamos saber por que o dólar sofre variações do seu preço e também quais são os motivos (internos e externos) que causam esta oscilação tão comentada no mercado e nos jornais, e que afeta diretamente nossa economia e empresas.

Qual o motivo do dólar sofrer tantas variações?

A variação na cotação do dólar nada mais é do que o resultado da entrada e saída desta moeda no país; por exemplo, grande parte dos investimentos realizados por outros países no Brasil é feito em dólar, seja para comprar ativos na bolsa de valores, investimentos diretos, pagamento para empresas exportadoras e por aí vai.

Quando entra no país, este dinheiro é convertido para Real e estes dólares ficam guardados sob controle do Banco Central (reservas) ou com instituições financeiras que intermedeiam estas operações de remessas vindas do exterior.

Quanto mais recursos em dólares entram no Brasil, maior é a quantidade de moeda estrangeira circulando. Ora, se temos uma quantia grande desta moeda entrando e pouca saindo, a oferta supera a demanda, pressionando a cotação do dólar para baixo (o dólar fica mais barato).

Se por algum motivo há uma saída maior do que a entrada, isso significa que as pessoas estão comprando mais dólares do que vendendo, o que causa o efeito contrário: demanda maior que oferta e, por consequência, a valorização do dólar frente ao real (o dólar fica mais caro).

Este mecanismo que permite a livre negociação da moeda é chamado de câmbio flutuante. Ainda que os preços oscilem de forma livre, o sistema muitas vezes sofre interferências através do Banco Central que pode realizar leilões de venda ou compra de dólares para intervir nas cotações com o objetivo de estabilizar o preço da moeda.

A dinâmica que influencia o dólar

Agora que já entendemos o porquê da oscilação do Dólar, precisamos ter claro o que motiva este movimento no mercado. Para receber investimentos externos, o país precisa ter uma combinação atrativa de risco-retorno para quem investe.

Explico de outra forma: se eu sou um investidor americano e pretendo comprar participação de uma empresa brasileira, vou levar em conta a estabilidade econômica e política desta região, a legislação e outros aspectos inerentes aos negócios no país. Farei isso justamente para ter a certeza de que o meu dinheiro terá uma rentabilidade adequada frente ao risco, não correndo perigo de perder dinheiro em um negócio mau feito.

Outro tema que atrai ou não recursos para o país é a taxa de juros, e temos o Brasil como um exemplo clássico de país que faz grande uso deste instrumento de política monetária. Hoje temos uma das taxas de juros mais altas do mundo, 14,25% a.a., enquanto que em países como EUA a taxa está em 0,5% a.a.

Nossa taxa torna o país mais atrativo para investimentos em títulos do governo, e a taxa elevada justifica o risco Brasil. Quando o Banco Central eleva a taxa de juros, ele não está apenas freando o consumo para conter a inflação, ele está também atraindo capital externo que pressiona a cotação do dólar para baixo, influenciando também na inflação, pois produtos importados ficam mais baratos.

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Porém, se o país passa por crises econômicas, políticas e perde grau de investimento (que é visto como selo de bom pagador e representa segurança), ele fica muito arriscado na visão dos investidores. Nestes casos, é natural haver fuga de capital desta economia para outras mais seguras, causando valorização do dólar e outras moedas. O Brasil vive algo assim neste momento.

Mas, e aí, o dólar vai subir ou vai cair?

Segundo o Relatório Focus, divulgado no dia 15/01/2016 pelo Banco Central, as instituições financeiras pesquisadas projetam a cotação da moeda a R$ 4,25 em 2016. Alguns analistas acreditam que a moeda possa chegar a R$ 5,00.

Preciso reforçar: é impossível prever com exatidão qual será a variação do dólar no futuro, já que são inúmeras variáveis que podem gerar oscilação no câmbio. No entanto, sempre podemos analisar fatores que contribuem para isso.

Nos últimos doze meses, o dólar valorizou algo em torno de 60%! Dificilmente teremos uma alta da mesma magnitude, inclusive porque os nossos juros ainda devem subir um pouco em 2016 (projeta-se algo em torno de 15,25% a.a.), o que atrairá capital externo para o país.

Sim, é verdade que a elevação dos juros nos Estados Unidos estimula movimentos de fuga de dólares para lá, mas a elevação será pequena e gradual, o que não deverá causar uma saída tão acelerada de dinheiro para o país.

Atualmente o Brasil está “mau na foto” e teremos um ano difícil pela frente, porém alguns economistas acreditam que peças já vão se encaixar em 2016, o que deverá trazer a inflação para níveis mais baixos ao mesmo tempo em que provocará uma reação (lenta) do PIB.

Claro que as incertezas políticas e o risco de mais rebaixamentos podem causar desconfianças, pressionando fortemente o dólar para cima (aqueles R$ 5,00 de alguns analistas), mas dificilmente veremos uma elevação tão expressiva como nos últimos 12 meses. Certeza sobre isso, ninguém tem.

Obrigado e até a próxima!

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Nota: Esta coluna é mantida pela Rico, que contribui para que os leitores do Dinheirama possam ter acesso a conteúdo gratuito de qualidade.

Foto “dollar versus reais”, Shutterstock.

 

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