Com a alta de mais 0,5 ponto percentual, a Selic já é quase o dobro da taxa de dois anos atrás.
Em janeiro de 2013 era 7,25% e hoje atinge o patamar de 14,25% ao ano. Como selecionar investimentos quando a taxa de juros é alta?
Por incrível que pareça, quando os juros estão em níveis elevados, o investidor também deve sair da zona conforto. Isto porque a relação risco-retorno das aplicações muda, os investimentos de menor risco passam a entregar maior retorno e vice-versa.
As aplicações em renda fixa nessa conjuntura atraem todas as atenções por seus altos rendimentos e baixo risco. O investidor acaba se descuidando na hora de fazer a seleção, pois nem todos os produtos de renda fixa são iguais e nenhuma aplicação é totalmente livre de riscos.
Risco de crédito
Os títulos públicos são considerados de baixíssimo risco de crédito, pois mesmo com todos os problemas econômicos e políticos no Brasil, a possibilidade de o governo não honrar esse compromisso é muito remota.
Na categoria investimento de renda fixa também existem os títulos emitidos por bancos e empresas, classificados como títulos de crédito privado. Estes podem embutir baixo risco de crédito ou serem muito arriscados. Para selecionar um título de crédito privado é importante que ele tenha nota dada por alguma das principais agências classificadoras de risco do mundo.
Para quem investe em fundos que aplicam em títulos de crédito privado, mesmo que os fundos sejam carteiras diversificadas, é bom se informar sobre a classificação geral dos títulos que compõem essas carteiras. Com esta medida você não será surpreendido com um rendimento baixo, ou até negativo, se algum banco ou empresa emissora ficar inadimplente e impactar o resultado do fundo. E em época de Lava Jato, isso não é nada improvável.
Fundo Garantidor de Créditos (FGC)
Investidores que concentram seus investimentos em uma única instituição, mesmo que seja um grande banco, não devem se descuidar. Concentrar o patrimônio financeiro não é uma boa prática.
Para evitar uma crise no sistema financeiro, o Fundo Garantidor de Créditos foi criado para assegurar o capital dos investidores. No entanto, o teto hoje é de R$ 250.000 por CPF e conglomerado financeiro, e esse valor pode ser insignificante para alguns investidores que construíram patrimônio ao longo da vida.
Os fundos de investimentos não possuem a garantia do FGC, mas isso não indica que são mais arriscados. O arcabouço legal dos fundos de investimentos é diferente. Mesmo no caso de fundos que possuem títulos de crédito privado em suas carteiras, a exposição é limitada e isso limita as perdas. As aplicações em fundos estão mais expostas ao risco de mercado.
Risco de mercado
Pode ser definido, de maneira simplificada, como a variação de preço dos ativos. Por exemplo, as ações são ativos de alto risco de mercado porque seus preços podem variar bastante. Os títulos de renda fixa também têm seus preços ajustados diariamente e estes podem sofrer valorização ou desvalorização.
Os preços dos ativos variam por uma série de fatores. Taxa de juros, inflação e perspectivas em relação ao futuro da economia são os principais, porém fatores específicos, como nota de classificação de risco e setor de atuação, também entram na precificação.
O indicador de volatilidade sinaliza o grau de risco de mercado de um investimento. Quanto menor a volatilidade, menor o risco de oscilação e mais próximo do retorno esperado será o rendimento efetivo. Em geral, os fundos de menor risco de mercado possuem volatilidade abaixo de 1% ao ano.
Na lista de fundos da Órama tem uma coluna com as volatilidades de cada um.
Custos
As taxas às quais os investidores estão sujeitos nas aplicações financeiras variam de 0% a 4% ao ano. Em geral, não é preciso fazer desembolso para custear essas taxas.
O importante é distinguir os investimentos que não cobram, porque os ganhos das instituições financeiras estão embutidos nos rendimentos oferecidos, daqueles que cobram para manter suas equipes de analistas e gestores qualificados e especializados para investir bem o seu dinheiro.
As rentabilidades dos fundos já são líquidas de taxas e custos. Assim sendo, se você está satisfeito com o desempenho das suas aplicações, significa que o custo para investir seu dinheiro está valendo a pena.
As taxas de administração de fundos de renda fixa com ou sem crédito privado devem ser inferiores a 1% ao ano. Só os fundos multimercado ou de ações justificam ter taxas acima de 2% ao ano.
Outras classes de ativos
Mesmo em ambiente de taxa de juros alta, se o seu horizonte de investimento é de longo prazo, esteja sempre avaliando as possibilidades de aplicar em outras classes de ativos.
Já conhece a nossa ferramenta Portfólio Ideal? Você inclui o valor, escolhe o perfil e desliza o prazo de investimento para a esquerda e para a direita para analisar as várias opções de diversificação com produtos que já passaram por nosso rigoroso processo de seleção.
Para finalizar
Mesmo avaliando todos os pontos acima, não há garantias de que você estará livre de fazer um mau investimento. Porém é certo que esses cuidados reduzem as chances.
Nota: Esta coluna é mantida pela Órama, que contribui para que os leitores do Dinheirama possam ter acesso a conteúdo gratuito de qualidade.
Foto “Financial growth”, Shutterstock.