Por Gustavo Chierighini, publisher da Plataforma Brasil Editorial.
Caro leitor, sabemos como é difícil construir a credibilidade e como é fácil obter o descrédito. Mas nem sempre é algo tão singelo.
É fácil perder a confiança alheia
Assim como acidentes de avião acontecem a partir de uma sucessão de erros, o afastamento de potenciais investidores ocorre a partir de um processo.
Pode ser um processo complexo, mas nele destacamos dois marcos essenciais:
O Plano de Negócios e o seu Comportamento.
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O Plano de Negócios
Imagine um documento que precisa convencer sem nenhuma retórica, ancorado apenas na lógica e na solidez dos argumentos.
Agora imagine a antítese disso. É assim que abordaremos o tema. No lugar de uma receita de bolo sobre como elaborá-lo, vou mostrar tudo o que não deve ser feito. Vamos lá:
- Ocupe um imenso espaço do conteúdo com informações subjetivas, retóricas e de entendimento abstrato do negócio;
- Não apresente uma tese clara de investimentos, explicitando objetivos e destinos claros, e nem se preocupe em detalhar o empenho deste capital pretendido;
- Preocupe-se em conceber um material extenso, com muitas e muitas folhas de papel, sem nem mesmo reservar um breve espaço a um resumo conciso e executivo do negócio. Sim, analistas dispõe de todo o tempo do mundo para avaliar uma incógnita;
- Não esclareça com bom detalhamento as memórias de cálculo;
- Não apresente um claro estudo de viabilidade econômico-financeiro;
- Projete apenas por um único ano, no lugar de 5, 6 ou mais anos;
- Não se preocupe em abordar sobre as possíveis estratégias de saída de um potencial investidor;
- Não apresente as taxas internas de retorno;
- Não posicione o negócio no contexto que envolva concorrentes, mercados e segmentações;
- Conceba uma modelagem financeira engessada que não permita a formatação de novos e adversos cenários;
- Dedique um bom espaço para a retórica politicamente correta nas empresas.
- Investidores adoram isso.
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O seu Comportamento
Já presenciei inúmeras apresentações, onde empreendedores de startups de alto potencial e negócios bem estabelecidos simplesmente não consideravam a possibilidade de fracasso nas suas operações.
Para eles nada iria sair errado, e pela primeira vez na história um planejamento seria concretizado sem nenhum atraso ou furo.
Confiança demais não rima com ganhar dinheiro. Nessas situações, quem realiza a apresentação faz malabarismos para irradiar um otimismo contagiante.
Excesso de otimismo afasta gente inteligente. Mas a audiência na verdade está apavorada. Ela é cética, fria, experiente e composta por analistas treinados a encarar o “não” como algo tão importante e lucrativo como o “sim”.
O fato é que se trata de um momento muito importante para ser desperdiçado.
Então, reunimos aqui algumas dicas (desta vez, para serem seguidas):
- Otimismo ou pessimismo não combinam com capacidade para lidar com as adversidades;
- Analistas de investimentos não querem tratar com otimistas ou pessimistas irremediáveis;
- A experiência dessa gente ensina que onde existe uma mínima possibilidade de algo dar errado, é justamente o que vai acontecer;
- Já empreendedores capazes transmitem a ponderada ideia de que muito embora sejam cientes do enorme desafio e dos prováveis imprevistos, possuem as habilidades necessária para navegar em segurança.
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Não esconda os problemas e as suas próprias dúvidas
Nada confere maior credibilidade do que a verdade nua e crua exposta sem maquiagens, aliada a uma postura conscientemente crítica, sobre o projeto que se pretende desenvolver.
Clareza, transparência, objetividade e profundidade sempre. Fuja do “bobajal” corporativo. Analistas detestam essas inutilidades. Coloque-se no lugar do seu interlocutor sempre.
Investidores sentem falta de diálogos e interlocuções, onde sejam compreendidos em suas responsabilidades como gestores de recursos de terceiros
Entenda: eles precisam prestar contas por suas decisões e vão responder pelos fracassos.
Portanto, analisar um empreendimento que carrega transparência nas informações sem dúvida alguma causará grande conforto.
Por fim, lembre-se sempre que apresentar uma possibilidade de investimentos não se trata de um exercício de convencimento, é antes de tudo um exercício de análise e julgamento. Boa sorte e até o próximo.