Ana, quero agradecer pelas palavras de apoio e tranquilizá-la de que, enquanto existirem leitoras(es) interessados em aprender e ensinar (como você), sempre haverá um Navarro disposto a facilitar esse fluxo de informação e conhecimento. Porque é isso que eu sou, um facilitador. Nada mais. E que assunto polêmico esse que vamos discutir hein? Na semana passada recebi um convite muito interessante do Cadu para falar sobre minha formação e experiência de vida como profissional e ele será a base para minhas opiniões de hoje. Cadu, espero que também goste do artigo.
Um dos problemas
Sabemos que a educação deste país carece de um momento de sensatez e de verdadeira sobriedade. Valores muito importantes têm sido consistentemente invertidos ao oferecermos ensino público superior de altíssimo nível sem que a mesma dedicação e atenção sejam dadas ao ensino fundamental. Temos ótimas universidades públicas que infelizmente não estão sendo ocupadas por quem realmente precisa delas. Estudantes de federais, isso não é uma crítica. É a realidade do país. Enfim, isso é um assunto para o Cláudio de Moura Castro e seus brilhantes colegas.
Em geral a formação não é ruim. Mas também não é acessível, nem completa.
Você provavelmente teve, tem ou terá a chance de cursar uma faculdade, ainda que com muito custo. Parabéns. Mas não se acomode ou pense que seu diploma vai colocá-lo no mercado como um talento, garantindo seu lugar ao sol. Com um diploma você é um profissional, mas não o melhor profissional. E a diferença está em quanto tempo, dinheiro e esforço você vai dedicar para aprender mais, especialmente sobre aquilo em que reconhece ser fraco e inapto.
Diferente do que você e a maioria pensam, vagas para pessoas qualificadas simplesmente não são preenchidas na maioria das empresas e concursos. A reação de todos normalmente é a de culpar o “sistema”, a falta de oportunidades para estudar e a pouca renda. Tudo bem, o Brasil não é o melhor país do mundo para estudar ou trabalhar. No entanto, o espaço que você vai ocupar no mercado de trabalho não é determinado apenas pelas condições do país, mas em grande parte por sua intenção em preenchê-lo. É o auto-engano definido muito bem pelo economista Eduardo Gianetti.
Quando o assunto é economia financeira, ai danou-se!
Triste realidade. Você foi treinado (sim, eu quis passar uma “conotação canina”) para competir e vencer. Mas você não tem a mínima idéia do que seja vencer (admita), apesar de saber muito bem o que competir significa. Claro, como foi treinado, não consegue se livrar das missões ensinadas na época de escola e(ou) universidade. E isso significa defender velhos hábitos como se fossem as práticas atuais mais inteligentes. No fundo isso significa admitir que você é fraco e que não está pronto para mudar, reinventar-se, aprender a transformar informação em conhecimento.
Sem isso, a educação financeira vai continuar sendo um tabu em sua vida. Um tabu idiota, arrisco-me a dizer. Não pense que comigo foi diferente. Frequentei as mesmas escolas e universidades que você, mas aprendi em casa e no convívio diário com colegas que, se estou sendo preparado (notaram a diferença?) para vencer, preciso investir energia para estar preparado também para lidar com o sucesso que tanto nos acostumamos a perseguir.
Dinheiro é consequência da busca pelo melhor. Afinal, tempo não é dinheiro? Quem, além de sua família, lhe ensinou a lidar com dinheiro? É meu amigo, esse é um problema generalizado, pra não dizer emblemático e epidemiológico. É triste saber que ninguém mais se preocupa com sua capacidade de investir e de criar patrimônio. Mas deveriam eles se preocupar? Onde deve começar o ciclo?
Quando realmente caiu a ficha?
Fiz uma pergunta muito simples aos meus pais ainda nos primeiros anos de faculdade: “Estudei sempre em colégio particular, universidade paga, mas isso é justo? Por que investir tanto quando existem possibilidades mais baratas e de qualidade semelhante”? A resposta foi o pontapé para o sentimento de zêlo e humildade que hoje carrego: “Acostume-se com o que há de melhor e vai entender que para que possa usufruir sempre do bom, terá que primeiro aprender a conquistá-lo e a multiplicá-lo, corre o risco de seu amanhã ser pior que o seu agora. Eu não quero agradá-lo, você estuda onde estuda porque quero que seja o melhor no que faz. Um dia vai entender que não há dinheiro nenhum no mundo que pague por esse sentimento de cidadão formado e preparado para a vida”.
Foi a lição mais profunda de auto-estima que já recebi em minha vida. E também de inteligência emocional. E é aqui que queria realmente chegar. Sou analista de sistemas por formação (quem diria hein!?). Consultor, amigo e feliz por opção. Estudei bits e bytes, banco de dados, programação. Fiquei fera no relacionamento com o PC. Mas só isso não resolveria meus problemas. Qualquer um pode chegar à essa conclusão. Eu cheguei. Mais do que viver plugado, eu queria poder fazer disso uma razão para colaborar com as pessoas, servir. E vencer.
Mais do que bem empregado e com a vida tranquila, estou satisfeito com o que construi e durmo sossegado porque o dinheiro que ganho é uma simples consequência do que eu sou e conquistei. Pude aprender a respeitar cada centavo e cada esforço de meus pais para que eu vivesse bem e sempre com o melhor. E onde há respeito, há reciprocidade. O dinheiro passou a me respeitar e juntos crescemos. Você há de concordar, essa é uma equação muito simples.
Falta alguma coisa?
Ufa. Chega Navarro!
Ser o melhor profissional e uma pessoa boa, gentil e humilde é uma questão de opção. Aprender a aprender é uma questão de opção. Aprender a servir é uma questão de opção. Todos temos opções, oportunidades diárias de crescer. Com esse espírito, garanto que dinheiro nunca será o problema. Nunca. Sonhador demais? Utopia de um blogueiro qualquer? Falta do que fazer? Pode ser que sua interpretação dessa mensagem seja bem diferente da razão pela qual a escrevi, mas tenha certeza de que escrevê-la me fez uma pessoa ainda melhor e mais rica!
Minha cara Ana e meu amigo leitor, procurei não comentar ou criticar nossa política para a educação. Sou dos que enxerga o copo sempre meio cheio. Acredito que a diferença quem faz somos nós e que aprender a lidar com dinheiro é tão fácil quanto andar de bicicleta, embora não pareça. Digo isso porque até hoje não sei me equilibrar bem numa bike e ainda assim me arrisco por ai em algumas voltas. Faço o mesmo com meu dinheiro.
PS: Eu me revolto com quem chama uma reunião, contato ou evento de treinamento. Quem treina é animal. Aos educadores que lêem esse blog, favor mudar esse hábito. Grato. Ah, todos devíamos mudar diariamente nossos hábitos.
PS2: Também odeio a palavra hábito!