O investidor que não aceita variações negativas no seu portfólio, nem mesmo as de curto prazo, prefere manter sua carteira composta em grande parte por produtos de renda fixa pós-fixados, que acompanham o movimento da taxa básica de juros.
Escrevi este post para responder a uma questão frequente: onde é mais vantajoso investir, no Tesouro Direto ou em fundos DI?
Antes de começar a descrever estas duas formas de aplicação conservadoras, é importante ficar claro que há títulos do Tesouro que também são arriscados e que podem, inclusive, apresentar variações negativas no curto prazo.
É o caso das NTN (Notas do Tesouro Nacional) e LTN (Letras do Tesouro Nacional). Apenas as LFTs (Letras Financeiras do Tesouro) são de baixíssimo risco, consideradas pelo mercado como investimento de risco nulo. É sobre as LFTs que vou tratar neste texto.
O investidor pode comprar LFTs diretamente, através do Tesouro Direto, ou indiretamente, através dos fundos DI. São indicadas para investidores com perfil conservador, mas também servem para investir os recursos para as emergências.
Fundos Referenciados DI
Os fundos DI têm suas carteiras de investimento compostas por pelo menos 80% de LFTs. Os 20% restantes podem estar aplicados em títulos de renda fixa privados com baixo grau de risco definido por agências especializadas como a Fitch, a Moody’s ou a Standard & Poor’s. De todo modo, os fundos DI são produtos bastante seguros e o retorno esperado é bem previsível.
Por serem referenciados, buscam seguir a variação do CDI, que é um indicador muito próximo à Selic. O CDI é formado com base nas operações realizadas no mercado interbancário e como os bancos emprestam dinheiro um para o outro a uma taxa muito próxima à taxa de juros básica da economia, a SELIC e o CDI são indicadores muito próximos.
Uma grande vantagem dos fundos DI é a liquidez diária, ou seja, você pode resgatar a qualquer dia.
O custo de investir em fundo é a taxa de administração. O investidor deve estar atento às taxas de administração cobradas, pois muitas instituições cobram taxas muito altas e isso acaba prejudicando o resultado dos fundos. Estes fundos não demandam um trabalho intensivo de gestão, portanto estas devem ser mínimas, inferiores a 1% ao ano.
Os rendimentos com aplicações em fundos DI são tributados de acordo com a tabela regressiva de Imposto de Renda (IR). Contudo, estes fundos têm o chamado come-cotas, uma antecipação do IR que diminui o potencial dos juros compostos no longo prazo.
Outro imposto que pode recair sobre o investidor é o IOF, que incide nas aplicações realizadas por um período inferior a 30 dias. Nos investimentos mais longos que um mês, não há incidência deste imposto.
Tesouro Direto
Já o Tesouro Direto é uma plataforma online para a negociação de títulos públicos. Qualquer pessoa pode aplicar através do Tesouro Direto, basta ter conta em uma corretora (independente ou vinculada a algum banco) habilitada a negociar títulos públicos.
O Tesouro Direto aceita aplicações a partir de R$ 30, valor bem mais baixo do que os mínimos exigidos para se aplicar em fundos DI. A liquidez das LFTs também é bastante alta, mas investidores só podem vender os papéis às quartas-feiras, dia da semana em que o Tesouro garante a recompra dos títulos.
Sobre os papéis comprados no Tesouro Direto, incide taxa de custódia (0,30% ao ano), taxa de negociação (0,10% por operação) e a taxa de administração da corretora, lembrando que há corretoras no mercado que não cobram esta taxa.
O imposto de renda sobre as aplicações realizadas através do Tesouro Direto segue a mesma regra dos fundos DI: a tabela regressiva. Também como nos fundos DI, investimentos com prazo de aplicação inferior a 30 dias têm incidência de IOF e as aplicações não são garantidas pelo FGC – Fundo Garantidor de Crédito.
Ainda em termos de tributação, quando se compra LFT através do Tesouro Direto, não há antecipação de imposto (come-cotas). Cabe observar que como não existem atualmente LFTs no mercado com vencimento superior a 2019 e o come-cotas só começa a onerar o potencial dos juros compostos para aplicações acima de cinco anos, isso não se configura como uma desvantagem para os fundos.
Uma desvantagem do Tesouro Direto é a sua plataforma pouco intuitiva, tornando a navegação do usuário mais difícil.
As LFTs e os fundos DI são os produtos mais recomendados para cenários em que a tendência do movimento da taxa de juros é de alta. São mais atraentes neste cenário, pois quanto maior a taxa de juros, maiores os rendimentos das LFTs.
Conclusão
Diante do apresentado, cabe ao investidor decidir aquilo que prefere: os fundos DI, desde que com baixa taxa de administração (abaixo de 1% ao ano), que são operacionalmente mais fáceis de investir; ou aplicações através do Tesouro Direto, no qual a soma de todas as taxas pode ter valor pouco inferior ao dos fundos e (é importante saber se seu perfil não pesa no trabalho de operar sozinho).
Como exemplo de um fundo DI interessante, com baixa taxa de administração e bom retorno, cito o Órama DI Tesouro Master, um Fundo DI com taxa de administração de apenas 0,3% ao ano, aplicação inicial de R$ 1 mil e retorno de 95% do CDI (clique aqui para conhecer o fundo).
Caso ainda possua dúvidas sobre qual seja o produto mais vantajoso para o seu perfil de investidor, entre em contato comigo através do canal “Fale com a Sandra”, no site da Órama. Será um prazer ajudá-lo. Obrigada e até a próxima.
Nota: Esta coluna é mantida pela Órama, que contribui para que os leitores do Dinheirama possam ter acesso a conteúdo gratuito de qualidade.
Foto “Financial Report and stats”, Shutterstock.